domingo, 14 de abril de 2019

Crónicas de Bruxelas: 41 - Obrigado, Doutor Ricardo!




Já vamos em mais de vinte anos de amizade e convívio próximo. Primeiro como meu chefe durante doze anos no Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, depois como amigos, a seguir como seu assistente parlamentar acreditado durante três anos e, mais recentemente, como colaborador dos eurodeputados eleitos pelos Açores. Eu conheço o Doutor Ricardo Serrão Santos.
Por ter convivido de muito perto, pude apreciar as excepcionais capacidades humanas, de liderança e de saber. Eu estava lá e vi.
Vi o Doutor Ricardo ao meu lado, em circunstâncias particularmente difíceis para mim. Deu-me a mão, evitando o meu colapso. Mais do que a cara, e isso já exigiu coragem da sua parte, ainda me deu a sua amizade atenta. Assim foi. Obrigado!
Neste momento, em que o Doutor Ricardo Serrão Santos se prepara para abandonar o Parlamento Europeu, sinto-me impelido a agradecer-lhe publicamente. Agradeço-lhe por me ter ajudado quando seria fácil não o ter feito. Agradeço-lhe a enorme competência, exigência, dedicação, bom senso e claridade com que exerceu o cargo de eurodeputado nos últimos quase cinco anos. Entre os assuntos das pescas e mar, da agricultura e desenvolvimento rural, das ciências, do ambiente, do turismo, passando também pela colaboração com países terceiros, essencialmente os da diáspora ou mais desfavorecidos, o Doutor Ricardo espalhou harmonia e entendimento.
Baseou toda a sua acção e todas as suas decisões no melhor conhecimento disponível em conjunção com factores de admissibilidade social e mais valias económicas. Reparem que não foi fácil. Teria sido mais simples aceder às exigências de poderosos grupos apologistas dum rendimento maximizado insustentável ou de perspectivas de crescimento ilusório. Mas, mais difícil ainda do que dizer simplesmente “não”, foi, como eu vi acontecer à frente destes meus olhos, convencer esses mesmos grupos que o caminho correto para eles próprios e para as gerações futuras passava pelo desenvolvimento sustentável e pela adopção de paradigmas de suficiência. Por isto e muito mais, a União Europeia e os mares do mundo estão agora melhores.
A herança que o Doutor Ricardo deixa no Parlamento Europeu é complexa, prestigiante e reconhecida. Foram criadas redes e foram desbravados caminhos que agora serão trilhados por outros. Não será fácil, mas é de grandes desafios que vivem os eleitos e cá estarei para ajudar. Desejo-lhes toda a sorte do mundo e, essencialmente, como provavelmente diria o Doutor Ricardo, “decidam com um olho na ciência e outro nos jovens que prezam!”
Quanto ao Doutor Ricardo, nem preciso de lhe desejar boa sorte. Depois de ter elevado o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores ao topo das ciências marinhas mundiais e depois da passagem brilhante pelo Parlamento Europeu, ele acaba de ser seleccionado pelas Nações Unidas para uma importante missão junto da Década do Conhecimento dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável. Em tempos de alterações climáticas globais, populismos e intolerâncias, o mundo precisa de gente boa e cimeira como é o caso do Doutor Ricardo. Como ouvi recentemente no Faial, “O Doutor Ricardo está igual para melhor!” É isto. O mundo não se pode dar ao luxo de o perder. Felizmente, o mundo está atento.

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