Já vamos em mais de vinte anos de amizade e convívio
próximo. Primeiro como meu chefe durante doze anos no Departamento de
Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, depois como amigos, a seguir
como seu assistente parlamentar acreditado durante três anos e, mais
recentemente, como colaborador dos eurodeputados eleitos pelos Açores. Eu
conheço o Doutor Ricardo Serrão Santos.
Por ter convivido de muito perto, pude apreciar as
excepcionais capacidades humanas, de liderança e de saber. Eu estava lá e vi.
Vi o Doutor Ricardo ao meu lado, em circunstâncias
particularmente difíceis para mim. Deu-me a mão, evitando o meu colapso. Mais
do que a cara, e isso já exigiu coragem da sua parte, ainda me deu a sua amizade
atenta. Assim foi. Obrigado!
Neste momento, em que o Doutor Ricardo Serrão Santos se prepara
para abandonar o Parlamento Europeu, sinto-me impelido a agradecer-lhe
publicamente. Agradeço-lhe por me ter ajudado quando seria fácil não o ter
feito. Agradeço-lhe a enorme competência, exigência, dedicação, bom senso e
claridade com que exerceu o cargo de eurodeputado nos últimos quase cinco anos.
Entre os assuntos das pescas e mar, da agricultura e desenvolvimento rural, das
ciências, do ambiente, do turismo, passando também pela colaboração com países
terceiros, essencialmente os da diáspora ou mais desfavorecidos, o Doutor
Ricardo espalhou harmonia e entendimento.
Baseou toda a sua acção e todas as suas decisões no melhor
conhecimento disponível em conjunção com factores de admissibilidade social e
mais valias económicas. Reparem que não foi fácil. Teria sido mais simples
aceder às exigências de poderosos grupos apologistas dum rendimento maximizado
insustentável ou de perspectivas de crescimento ilusório. Mas, mais difícil
ainda do que dizer simplesmente “não”, foi, como eu vi acontecer à frente
destes meus olhos, convencer esses mesmos grupos que o caminho correto para
eles próprios e para as gerações futuras passava pelo desenvolvimento
sustentável e pela adopção de paradigmas de suficiência. Por isto e muito mais,
a União Europeia e os mares do mundo estão agora melhores.
A herança que o Doutor Ricardo deixa no Parlamento Europeu é
complexa, prestigiante e reconhecida. Foram criadas redes e foram desbravados
caminhos que agora serão trilhados por outros. Não será fácil, mas é de grandes
desafios que vivem os eleitos e cá estarei para ajudar. Desejo-lhes toda a
sorte do mundo e, essencialmente, como provavelmente diria o Doutor Ricardo, “decidam
com um olho na ciência e outro nos jovens que prezam!”
Quanto ao Doutor Ricardo, nem preciso de lhe desejar boa
sorte. Depois de ter elevado o Departamento de Oceanografia e Pescas da
Universidade dos Açores ao topo das ciências marinhas mundiais e depois da
passagem brilhante pelo Parlamento Europeu, ele acaba de ser seleccionado pelas
Nações Unidas para uma importante missão junto da Década do Conhecimento dos
Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável. Em tempos de alterações climáticas
globais, populismos e intolerâncias, o mundo precisa de gente boa e cimeira
como é o caso do Doutor Ricardo. Como ouvi recentemente no Faial, “O Doutor
Ricardo está igual para melhor!” É isto. O mundo não se pode dar ao luxo de o
perder. Felizmente, o mundo está atento.
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