A mensagem era estranha: “O Faial tem 3 novas estrelas.”. Que
significaria isto de… “3 novas estrelas”…? “Nova estrelas” é uma expressão que
pode ser usada para classificar o sucesso de alguém ou para homenagear pessoas
que nos tenham deixado. Tive um momento de palpitação e meio pânico, mas, ao
mesmo tempo, confiante que não me dariam más notícias daquela maneira. Depois
veio a tentativa de explicação: “Já viste?”… “Viste” o quê?! Começava a
ser irritante… Parei com aquela história de mensagenszinhas para cá e para lá e
liguei.
“Conta lá o que se passa!”. Resposta: “Já saiu a série “OceanXplorer”
com o pessoal do DOP. Está na Disney+.” O mundo quase parou, mas de uma
forma perto de sublime. Os meus amigos do coração, o pessoal do DOP, os
melhores cientistas marinhos do país, estão numa série de visibilidade mundial
a mostrar o Mar dos Açores…! Que notícia absolutamente fantástica. “Ok, vou
sair agora de Bruxelas para o Luxemburgo. Tens o tempo viagem, ou seja, cerca
de duas horas, para me arranjar uma assinatura do Disney+ (mereço, certo?). Eu,
assim que chegar, quero ver isso!”
Dito e feito. Obrigado! Ao chegar ao Luxemburgo, comecei de imediato a ver
os dois episódios que se passam nos Açores. Não vou dar detalhes porque não
quero estragar nada a ninguém, mas vou ter de elevar as espectativas porque
realmente são dois episódios extraordinários. Admito que tive todas as boas sensações
humanas, desde me emocionar com certas partes, ficar exaltado com outras e, a
todo o tempo, maravilhado com as descobertas e com as imagens. Tantas coisas
que desconfiávamos (como dizem os cientistas: “hipóteses”), mas que não
tínhamos tido oportunidade de comprovar… Ali estão! Maravilhoso, repito. Claro
que há aqueles exageros típicos dos norte-americanos: “visto pela primeira vez”
ou “nunca antes feito”… mas não os colegas do DOP. Eles estão perfeitos, quando
o dizem é porque é mesmo. Seja… Oppsss… Não posso continuar esta frase sem
estragar o efeito surpresa. Vou-me conter, vou-me conter…
No passado, o DOP, hoje oficialmente Okeanos, participou em episódios de séries
documentais da BBC, ARTE, National Geographic, NHK e, em termos mais
domésticos, mas importantes, em documentários da RTP e da SIC. Houve mesmo um
conjunto de documentários, “Mar à Vista!”, produzido pelo José Serra da
RTP-Açores em estreita colaboração com o DOP. O que o “OceanXplorer” traz de
novo é o nível mundial de protagonismo dado aos “nossos” cientistas. O Rui
Prieto, o Pedro Afonso e o Jorge Fontes estão fenomenais, não consigo deixar de
enfatizar com estes adjetivos poderosos. Estão mesmo! E isso não quer dizer
que… Oppsss… Lá ia eu outra vez… Não posso estragar contando demais.
Quando terminei de ver, troquei algumas mensagens com os meus sempre amigos
e antigos colegas. Queria felicitá-los e deixar expresso o meu orgulho por
partilhar este planeta com pessoas como eles.
No meio da conversa, enviaram-me uma ligação internet para uma notícia que
saiu no dia 15 de Agosto e que me tinha escapado. Para minha boa surpresa, o
Jorge Fontes ganhou mais um prémio de fotografia subaquática. Desta vez foi o
primeiro prémio da competição de imagens para cientistas denominado BMC
Ecology and Evolution and BMC Zoology. A foto premiada é absolutamente
deslumbrante! No mesmo enquadramento está um tubarão-baleia de boca aberta,
dezenas de atuns e centenas, possivelmente milhares, de outros pequenos peixes
divididos em duas bolas de isco. É uma fotografia fabulosa!
No final dos episódios dedicados aos Açores, o narrador do documentário
OceanXplorer diz algo sobre o privilégio que é poder mergulhar em águas
pristinas e cheias de segredos por desvendar como é o Mar dos Açores. Há cerca
de vinte anos, numa ação global do Greenpeace, as mesmas palavras foram ditas
pela organização ambientalista sobre este pedaço de oceano que está pertinho
das nossas ilhas. É bom que certas coisas não mudem. A espetacularidade do Mar
dos Açores não mudou. A capacidade dos cientistas do DOP de nos maravilharem
também não.
O DOP voltou a fazer das
suas e isso é tão bom!
* Frederico Cardigos é biólogo marinho no Eurostat. Este é um artigo de opinião pessoal. As ideias expressas neste artigo são da exclusiva responsabilidade do autor e podem não coincidir com a posição oficial da Comissão Europeia.
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