Aquele peixe que não se farta de vasculhar a areia e que levanta uma névoa à sua volta é habitualmente o salmonete. Este escavador incansável acaba assim involuntariamente poralimentar diversos outros peixes oportunistas. Há duas espécies de salmonetes em Portugal, o Mullus surmuletus e M. barbatus. Neste artigo incidiremos especialmente sobre o primeiro.
Introdução
Este peixe da família Mullidae é facilmente identificado pelo seu par de barbilhos. Estes longos barbilhos (maiores que as barbatanas peitorais) têm funções tácteis e de determinação do sabor. O corpo é longitudinal, a cabeça é aplanada e tem grandes escamas.
Tem habitualmente 20 a 25cm, mas pode atingir 40 cm aos 10 anos de idade (1 kg) e habita os fundos rochosos, arenosos e lodosos desde os 2 até aos 80 metros de profundidade. Estão presentes preferencialmente na interface entre a rocha e areia.
Curiosamente, a coloração deste inofensivo peixe varia conforme a actividade. Durante o dia quando está inactivo ou durante a noite, a sua coloração passa dos tons laranja, amarelo e castanho para uma camuflagem pouco conspícua.
O salmonete,
Outros peixes da família Triglidae,
O salmonete distribui-se em volta do continente europeu desde o Canal da Mancha (embora ocasionalmente apareça no Mar do Norte) até ao Senegal. Está também presente no Mediterrâneo e Mar Negro e nos arquipélagos da Macaronésia (Açores, Madeira e Canárias). Em termos gerais distribui-se no Atlântico Este desde os 55ºN aos 14ºN.
Reproduz-se entre Maio e Julho no Atlântico, incluindo Canal da Mancha e os Açores, e entre Março e Julho no Mediterrâneo. Estas diferenças parecem estar relacionadas
Enquanto escavam o fundo à procura de alimento, os salmonetes acabam por levantar plumas de areia que atraem outros peixes que assim se aproveitam para predar pequenos invertebrados que são projectados na coluna de água. Entre estes oportunistas contam-se as rainhas (Thalassoma pavo), os peixes-rei (Coris julis), os peixes-balão (Sphoeroidesmarmoratus), os sargos (Diplodus spp.) e as solhas (Bothus podas).
Voltando à alimentação: os salmonetes inserem a cabeça na areia, fazendo grandes buracos, e sugam alguma areia para a boca, depois filtram os animais que interessam para a sua alimentação e, finalmente, libertam a restante areia. O par de barbilhos também é utilizado para identificar as presas enterradas na areia. A alimentação consiste em organismos bênticoso que inclui pequenos crustáceos (
Muitas vezes, estes animais são observados em paralelo filtrando áreas
Em todo o continente Europeu este peixe é muito apreciado pelo seu sabor. Tal
A lei nacional indica
Taxonomia
Filo – Chordata;
Sub-Filo – Pisces;
Classe – Actinopterygii;
Ordem – Perciformes;
Família – Mullidae;
Género – Mullus;
Espécie – Mullus surmuletus (Linnaeus, 1758).
Nomenclatura
Nome científico
Mullus surmuletus (Linnaeus, 1758)
Português, Castelhano (Canárias) e Creolo
Salmonete, salmonete-legítimo ou salmonete-vermelho (estes dois últimos apenas em Português)
Castelhano
Salmonete de roca, salmonete (Canárias)
Catalão
Moll de roca ou roger
Inglês
Striped red mullet, surmullet
Francês
Rouget, rouget de roche ou rouget-barbet de roche
Alemão
Gestreifte meerbarbe
Para saber mais:
Páginas internet:
Espécies Marinhas dos Açores – http://www.horta.uac.pt/species/
Fishbase – http://www.fishbase.org/
Fórum Oceanos – http://www.pg.raa.pt/oceanos/
Guias:
Debelius, H. 2000.
Patzner, R. & H. Moosleitner 1995. Underwater Guide Mediterranean Sea: Fish. Stuttgart, Naglschmid. 158p.
Wirtz, P. 1994. Underwater Guide Madeira-Canary Islands-Azores: Fish. Naglschmid, Stuttgard. 156p.
Agradecimentos
Ao Dr.
Biografia