sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Rescaldo


Momento da campanha eleitoral para as Eleições Regionais de 2012.
Foto: F Cardigos.

Alea jacta est”, rezam as crónicas que assim exclamou JúlioCésar depois de ter tomado a decisão de afrontar o Senado Romano e, eventualmente, sair vitorioso. As suas legiões atravessavam o rio Rubicão desafiando Pompeu. “Os dados estão lançados”, resta verificar o resultado.
Lembrei-me desta expressão a meio da noite entre sexta-feira e sábado, depois de ter terminado a campanha eleitoral. Restava então esperar até domingo e verificar o resultado das eleições. Entre a enorme derrota que era apontada pelas alegadas sondagens iniciais para a ilha do Faial e a sensação de trabalho bem feito que fomos tendo durante a campanha, tudo era possível. Esperar…
Ao ver o resultado eleitoral, tive dificuldade em digerir tanto contentamento. Primeiro a vitória nos Açores, depois a vitória no Faial e, finalmente, a maioria absoluta. Tudo nos correu bem. Penso que este foi um bom resultado para os Açores e mesmo para Portugal, mas os próximos anos o dirão.
Voltando um pouco atrás…
Quando teriam Vasco Cordeiro ou Carlos César dito para si próprios “alea jacta est”? Quando é que Vasco Cordeiro terá olhado para os colaboradores de campanha e dito “fizemos o que estava ao nosso alcance, aguardemos”? Quando se reclinou Carlos César na sua cadeira e descomprimiu dizendo para si próprio, “está feito”? Naquela sexta-feira chuvosa, terá Ana Luís conduzido para casa com um sorriso perdido entre a confiança e a angústia? Terá reunido a família e dito “agora resta esperar”? As respostas não são muito importantes.
Depois de dar a primeira tacada na bola de golf, o jogador fica a olhar para o seu movimento esperando que esta caia tão perto quanto possível do green, mas sem nada mais poder fazer. Esta sensação é comum ao estudante, depois da entrega do exame escolar até à receção da nota… O período, que medeia entre o esforço e a observação do resultado, pode ser positivo quando a expectativa é elevada e, principalmente, quando o resultado confirma as melhores expectativas. Estou em crer que foi desta forma que se sentiram Vasco Cordeiro, Carlos César e Ana Luís.
Caso não se confirmem os bons prognósticos, os portugueses aplicam a expressão “balde de água fria”. Custa muito, mas passa depressa. Nestas eleições, penso que deverá ter sido isto que aconteceu ao líder doCDS-PP.
O pior mesmo é quando as expectativas são baixas. Nesse caso, este período, entre o colocar a armadilha e ir ver a caça, pode ser acompanhado de uma angústia terrível. Talvez tenha sido assim que sentiu a líder do PSD. Se eu estivesse no lugar dela, penso que ficaria com uma úlcera apenas por olhar para o relógio e ver o tempo passar entre zero horas de Sábado e as 19 horas de domingo.
Sabendo que este período de desconhecimento e impotência custa tanto, o melhor mesmo é fazer um bom trabalho prévio. Apenas desta forma é possível garantir que, mesmo que se apanhe uma desilusão, a dor passará mais depressa. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O meu manifesto


Foto de Campanha do Partido Socialista na Ilha do Faial.
Foto: F. Cardigos.

Sou de esquerda desde que me lembro. A memória mais antiga que consigo datar é a do dia primeiro de maio de 1974. A manifestação de Lisboa, a esperança misturada com o caos e as cores garridas dos cravos fixaram-se indelevelmente na minha mente. Com o tempo, fui sentindo que, para mim, mais importante do que privilegiar o sucesso individual, eram os valores como a solidariedade e a fraternidade. Em suma, para mim, a direita não é uma opção, embora respeite os meus muitos amigos que preferem esses caminhos.
Outra das paixões que me motiva é o mar. Adoro a água salgada, a geologia que a suporta e, principalmente, vida que contém. Mais do que outros mares, gosto do mar dos Açores. Gosto do esverdeado com que a água fica no meio da Primavera, e tenho dúvidas que possa haver muitas coisas melhores do que o azul transparente das águas açorianas durante o Verão. Tal como raras pessoas, um dos meus passatempos é ver fotografias de animais marinhos, tentando adivinhar os seus nomes e dissertar sobre as suas características. Ultimamente, tenho-me ocupado também na tentativa de encontrar novas formas de utilização sustentável do nosso oceano.
Portanto, um partido que queira o meu voto tem de unir valores de esquerda às preocupações com o domínio marinho. Parece-me claro que apenas um dos concorrentes às presentes eleições regionais une de forma perfeita as duas condicionantes. O candidato Vasco Cordeiro tem defendido ferreamente o nosso mar. Agrada-me!
Para além disto, como muitos saberão, trabalho no Governo Regional e sinto-me ligado a alguns dos resultados obtidos nos últimos anos. Claro que não sou responsável por nada de especial, mas vou ajudando…
Sendo coerente com a estrutura ideológica e estratégica, estando satisfeito com os resultados anteriores e sendo solidário com os objetivos futuros, envolvi-me naturalmente na presente campanha eleitoral. Nas diferentes ações fui descobrindo um Faial que não é tão sorridente como poderíamos esperar olhando ao de leve. A convite dos seus locatários, entrei em algumas casas que transparecem necessidades evidentes. A vida não é fácil para todos e isso apenas reforça a importância das opções de esquerda.
Ao mesmo tempo, fui descobrindo o lado humano desta lista candidata pelo Partido Socialista. Tenho a partilhar que foi uma muito agradável surpresa. Não vi qualquer individualismo, tirando o inerente aos momentos mais galvanizados ou o necessário para dar ênfase aos elementos que têm maior probabilidade de ser eleitos e, portanto, com maior responsabilidade.
Para além dos diretamente interessados, os candidatos, o Partido Socialista tem a sorte de ter uma equipa paralela de gente abnegada e interessada. Estes entusiastas, cada um de sua forma, aparecem e trabalham! Gostei muito do que vi.
A escolha responsável exige ler os manifestos das diversas forças políticas concorrentes. Tenho a certeza que, quem o fizer, encontrará uma clara diferença entre os diferentes partidos, o que facilitará a escolha de dia 14.
Ao contrário de outras eleições, em que muitas vezes tive uma sensação de opção pelo mal menor, este ano estou harmonicamente convencido que o Partido Socialista não tem apenas o melhor candidato a Presidente; O Partido Socialista tem também a melhor lista de ilha e os melhores manifestos. Dada a diferenciação pela positiva, até para que nas próximas eleições os partidos concorrentes tenham maior cuidado e empenho, temos agora a oportunidade de dar uma grande vitória à esquerda moderada dos Açores.
Claro que este é o meu manifesto, mas independentemente de em quem votar, vote! A democracia exige participação e essa começa em si!