sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Fortes Maravilhas II

Complexo Vulcânico da Ilha do Pico.
Foto: Luís Quinta (c).

Obviamente, tinha de revisitar este tema. Depois do regozijo de termos vencido dois dos sete títulos de Maravilhas Naturais de Portugal, há que relembrar que estes galardões apenas valerão enquanto os relembrarmos. É necessário ter consciência que, tirando os açorianos, as pessoas que dirigem as restantes zonas do país não farão grande questão em recordar este evento, visto que não o ganharam. E manter em memória é muito importante e por muitas razões. Entre elas, talvez a mais relevante, a importância turística. Por outro lado, mesmo fora das actividades turísticas, existem diversas áreas que lucram com as certificações deste tipo. Por exemplo, a exportação dos produtos certificados como “Açores”, “Reserva da Biosfera”, “Marca Priolo”, entre outros, tende a obter preços mais elevados. O selo de pertencente às “Sete Maravilhas Naturais de Portugal” também ajudará a promover esses outros produtos ou serviços.
Uma forma de os relembrar é contar a história de como tudo aconteceu. Depois de meses a promover as candidaturas de todo o país, traduzida numa sucessão de centenas de milhares de votos, eis que, no veredicto final, a Lagoa das Sete Cidades e o Complexo Vulcânico da Ilha do Pico foram eleitos como duas das Sete Maravilhas do Naturais de Portugal. Segundo consta, embora não tenha sido confirmado, o facto de não podermos, de acordo com as regras do concurso, eleger mais de duas maravilhas, impediu que tivéssemos uma expressão ainda maior.
A visibilidade que foi dada às nossas maravilhas, desde as mais de três dezenas iniciais, às 13 pré-finalistas, às 5 finalistas e às duas vencedoras, foi extraordinária. Em todas as ilhas houve diversos aspectos identificados como potencialmente vencedores do concurso das maravilhas naturais de Portugal. O processo de selecção foi injusto até porque todos o são. Os critérios pertencem ao júri e este obedece aos regulamentos e à sua capacidade de ajuizar. Neste caso, o primeiro júri seleccionou 77 sítios, de entre todos os candidatos. Um grupo de 77 técnicos especialistas nas diferentes temáticas ambientais leu as descrições e seleccionou os locais que lhe pareceram mais adequados. De seguida, um grupo de 21 notáveis afunilou estes 77 locais nos 21 sufragados por todos os interessados. Estes notáveis incluíam-se entidades governamentais, os dirigentes das maiores organizações de ambiente e pessoas eminentes da nossa sociedade (ditos VIPs). O resultado foram os 21 locais seleccionados. Claro que não me ficaria bem expressar quais as minhas preferências, mas, curiosamente, as 21 propostas estão perto do que eu próprio preferia e não andaram longe do que tinha antevisto logo de início. De facto, há certos locais tanto nos Açores como em Portugal que são extraordinários e realmente incontornáveis quando pensamos em paisagem.
Resta ainda dizer que neste processo foi fundamental o apoio das diferentes instituições, dos embaixadores, dos padrinhos e, essencialmente, das centenas de milhares de pessoas que votaram nas nossas Maravilhas Naturais de Portugal. Aquilo que estas maravilhas são agora e serão no futuro é também o resultado do seu empenho. Ou seja, e colocando noutra perspectiva, quando queremos mesmo e juntamos esforços, as coisas acontecem. Aconteceu Açores!