Num livro para jovens com a autoria de Arthur C. Clarke, cuja trama se passa num planeta distante, um dos seus heróis queixava-se por o seu mar não ter tubarões como nos oceanos terrestres. Segundo ele, nadar num mar sem grandes predadores castrava a emoção, retirava o fascínio e banalizava o mar.
Evidentemente, é muito difícil, instintivamente, gostar de animais com tantos e pontiagudos dentes, dispostos num aparente sorriso mortal. Ainda por cima, nalgumas espécies, essa dentição é acompanhada por uma enorme destreza, uma voracidade ímpar e dimensões elevadas. Os tubarões, à partida, não fazem parte do melhor do mundo natural para cada um de nós.
No entanto, se pensarmos que estes animais são essenciais para o equilíbrio trófico dos ecossistemas aquáticos, são dos mais antigos animais marinhos, têm uma complexidade de funcionamento e uma sensibilidade extrema, começamos, progressivamente, a mudar de opinião.
Em termos ecológicos, os tubarões actuam como autênticos médicos para a saúde dos Oceanos e promotores da evolução. Senão repare-se. Quando um tubarão ataca um cardume irá, probabilisticamente, apanhar os indivíduos que estiverem doentes ou forem menos aptos. No primeiro caso, livram o cardume de presas dos animais que poderiam propagar uma qualquer enfermidade. Já no segundo caso estão a livrar a população dos seus efectivos menos aptos e, portanto, a impedir a transmissão desses genes de “má qualidade”.
Agora, acrescentemos que são também os tubarões do mundo que contribuem para o fornecimento de proteína ictia, utilizados em inúmeros pratos gastronómicos desde a caldeirada de cação até à famigerada sopa de barbatana de tubarão, responsável por uma das maiores mortandades de que é culpada a humanidade.
Portanto, estamos perante um grupo de animais que é interessante, respeitável, útil e utilizado. Acrescento que, por irresponsabilidade de uns e ignorância de outros, os tubarões estão em grande perigo a nível mundial. É urgente agir para que estes fantásticos peixes possam continuar a patrulhar os nossos mares.
Será através de guias como o que agora tem nas suas mãos que irá, caso ainda não tenha, adquirir conhecimento sobre todas espécies de tubarões referidas para o Arquipélago dos Açores.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
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