Nesta nobre ciência da futurologia, há duas coisas indiscutíveis. A primeira é confortável: “ninguém tem a certeza sobre o futuro”. A segunda é também excelente: “tudo o que for previsto tem uma enorme probabilidade de se concretizar, especialmente se dilatarmos a variável tempo”. Tendo isto em consideração, ninguém que fale no futuro é mentiroso, a verdade é que está atrasada.
O vulcão dos Capelinhos esteve em evidente actividade de 1957 a 1958. Com a sua dinâmica gerou um novo pedaço de terra e conseguiu ser, quase em simultâneo: um drama, determinante para grande parte da população faialense e uma oportunidade para muitos açorianos. Não irei dissertar acerca do vulcão em si e da sua história até 2009 porque a minha estória começa a seguir, no tempo futuro.
Primeira previsão: “A erosão e a abrasão sobre a área do vulcão irá continuar em 2009”. Em vez de tentar conter a autodestruição natural, ir-se-á montar um sistema de monitorização que acompanhe a degradação do território cinquentenário. Assim, poder-se-á explicar e compreender como se formam e se destroem as ilhas. Será mais um equipamento a complementar o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos.
A zona adjacente ao vulcão, também classificada como Rede Natura 2000 e pertencente ao Parque Natural de Ilha do Faial, verá a sua erosão abrandar resultado da colonização por parte do coberto vegetal, comprovando o importante papel que a flora tem para a sustentação dos solos.
Segunda previsão: “Ali, mais para o mar ou mais para terra, haverá outros vulcões”. Alguns destes vulcões, esperemos que todos, ocorrerão quando já for possível prever o local, a intensidade e o tipo de fenómeno. Em vez de causar o pânico, os vulcões serão, cada vez mais, investimentos aleatórios que promoverão o turismo aventura e, em tempo de paz, das poucas formas legítimas para aumentar o território da pátria.
Terceira previsão: “Um dia, as ilhas Atlânticas deixarão de existir”. Assim, ficará finalmente certificado que a Atlântida de Platão existiu, mesmo se com uns milénios de atraso, provando que a nobre ciência da futurologia nunca se engana!