Vasco Cordeiro dirige os trabalhos do Comité das Regiões Europeu
Foto: F Cardigos
Foto: F Cardigos
Escrevo este texto enquanto o
Presidente Vasco Cordeiro discursa em plenário, a poucos metros de mim, dando o
seu compromisso à construção da União Europeia enquanto vice-Presidente e,
daqui a dois anos e meio, potencialmente, Presidente do Comité das Regiões
Europeu. Estamos a minutos da votação e é um momento que gravo na minha memória
e nos meus escritos pela importância, pela solenidade e pela emoção. Começando
em português, passando ao inglês e, depois, em francês, o Presidente dos Açores
faz um discurso que apela ao empenho de todas as regiões “que não deixe ninguém para trás”.
Vasco Cordeiro afirma, neste preciso momento,
“(…) subo a esta tribuna não apenas em nome
da minha região, os Açores, mas também em nome do futuro. Subo a esta tribuna
em nome da Europa. Subo a esta tribuna em nome do futuro da Europa. (…) E nesse
futuro, e no excitante trabalho para agarrar esse futuro, todas as regiões e
cidades interessam. Todas as regiões e cidades têm uma palavra a dizer.”
Sei que estas não são palavras de
ocasião. Ainda há poucos dias, Vasco Cordeiro afirmava que “É inaceitável que, em relação à Conferência sobre o
Futuro da Europa, o Comité das Regiões seja apenas convidado e não solicitado a
participar totalmente.” Estava dado o mote que complementou com “Faremos tudo para tornar a Conferência sobre o Futuro
da Europa uma verdadeira oportunidade. Este não é apenas um desafio de um lado.
Tanto a União Europeia, os governos nacionais e as autoridades locais têm muito
espaço para melhorar sua interação”. Antevejo uma presidência atenta
e competente, ambicionando fazer melhor e exigindo ser parte ativa na
construção europeia.
Hoje, nos diferentes discursos e
intervenções são referidos os complexos desafios que se apresentam à União
Europeia. Procuram-se soluções para o financiamento plurianual, para as
alterações climáticas e para a confiança dos cidadãos. Essas soluções só serão
possíveis, garante Vasco Cordeiro, se a União e os Estados entenderem que as
regiões e cidades são os aliados necessários e imprescindíveis e que são os
operativos no terreno que podem realmente fazer a diferença.
Numa ocasião recente, Vasco Cordeiro,
aqui em Bruxelas interrogava-se “Por que a
política de coesão é tão importante? Porque ela toca o âmago do projeto
europeu: coesão económica, territorial e social. Dez meses para terminarem as
negociações para o próximo quadro financeiro plurianual não é muito tempo, teremos
que correr. Uma falha significaria uma falha de credibilidade da própria União
Europeia.”
Segue-se agora a votação. O
Presidente ainda em exercício, Karl-Heinz Lambertz, pressente que as palavras
de Vasco Cordeiro são unanimemente aceites pelo plenário e sugere fazer-se a
eleição por aclamação. Ninguém se opõe e, de imediato, todos os membros
aplaudem em uníssono. Segue-se a eleição do Presidente para a primeira parte do
mandato, que depois será o primeiro vice-presidente, Apolonus Tzitzikostas. Está
feito. O futuro começa aqui. A Região Autónoma dos Açores, em Bruxelas, é agora
estimada como colíder dos 350 membros eleitos pelas regiões e cidades de toda a
União Europeia.
Depois de eleito, Vasco Cordeiro agradece
e afirma perante a assembleia que é oriundo de uma região distante e composta
por nove ilhas, “e é por isso que hoje este
voto por aclamação diz muito mais deste Comité e da forma como os membros deste
Comité encaram uma Europa de todos, do que os meus méritos e daquilo que aqui
trago. Muito obrigado pela vossa confiança!” É uma forma
extraordinária de terminar o processo de eleição.
Porque sintetiza o meu sentimento de
alma, para finalizar esta crónica transcrevo as palavras simples e
mobilizadoras que o Presidente Vasco Cordeiro utiliza ao terminar os seus
escritos nas redes sociais:
“P´rá frente
é que é caminho!”