Na segunda-feira percebi que, no dia anterior, tinha recebido uma mensagem email do facebook informando-me que alguém, usando abusivamente um meu antigo endereço de correio eletrónico, tinha entrado na minha conta a partir da cidade de Hanói. Segui as instruções sobre uma intrusão abusiva protegendo a minha conta com uma nova palavra-passe.
Pouco depois, fui informado que tinham sido publicados
conteúdos não autorizados e, por essa razão, a minha conta estava suspensa. Pior,
informavam-me que a minha conta não tinha sido pirateada. A mesma empresa que
me tinha dito que havia uma entrada a partir de Hanoi, informava-me que não
tinha sido alvo de pirataria…
Sem sucesso, tentei, através das poucas ferramentas ainda disponíveis,
entrar em contacto com os gestores e resistir. Sem seres humanos como
interlocutores, como explicar à máquina que se ela me informou que houve uma
entrada abusiva então os conteúdos, provavelmente, seriam dessa pessoa e não
meus, que vivo bem longe do Vietname? Nada a fazer, até porque não consigo
entrar na minha conta para verificar o que lá se passa.
Quase em simultâneo, recebi uma informação da Meta (empresa que
detém o facebook) referindo que o anúncio que eu desejava publicar no facebook tinha
sido aprovado. Mas eu não tentei publicar qualquer anúncio!! Mais uma vez, como
explicar à máquina que me bloqueia qualquer tentativa de comunicação afirmando,
laconicamente, que a minha conta se encontra em revisão?
Na quinta-feira, fui informado que o anúncio, aquele que eu
não pedi e que nunca vi, me tinha custado 0,64 euros. Inacreditável… Nessa
curta e lacónica mensagem email afirmavam que tinha sido usado um cartão de
crédito cujo número não reconheci, pelo que, segundo me parece, não foi a mim
que debitaram.
Tentei vasculhar a internet sobre como comunicar de viva-voz
com alguém da máquina faceboquiana e nada. Não há solução. Pelo caminho
encontrei numa antiga notícia de jornal um endereço email que deveria funcionar.
Escrevi e fiquei sem resposta.
Sendo que o ataque já incluía o eventual roubo, pedi que
amigos com contas ativas comunicassem com o facebook para explicar o que se
estava a passar. Solidariamente, escreveram, mas os meus amigos também não
tiveram resposta.
Não o conseguindo fazer através do facebook ou messenger,
consegui, depois de algumas tentativas, entrar na minha conta do instagram. Eliminei-a
de imediato. Menos um problema potencial com a Meta (que também é dona do
instagram).
Por tudo isto, logo que o consiga, não está fácil…, irei
eliminar a minha conta do facebook. Compreendo agora que não ter um ser-humano
disponível para falar é uma falha grave. Esta Inteligência Artificial é muito
limitada para o meu gosto… Aqui fica uma sugestão para uma futura regulação
desta atividade: Sugiro que se inibam as plataformas informáticas e redes
sociais que não tenham seres-humanos no serviço de apoio ao cliente.
Tenho pena porque era também através do facebook que ia
tendo notícias do Corvo e do Faial, particularmente das pessoas com quem não
comunico tão amiúde. Era no facebook que ia lendo a opinião de muitas pessoas
válidas que, infelizmente, não têm presença nos órgãos de comunicação social
formais. Também, em momentos desagradáveis da minha vida, foi através do facebook
que consegui fazer algum contrapeso relativamente a notícias horríveis que
circulavam na comunicação social. Por outro lado, a intolerância e a
desinformação que grassam no facebook são fatores de peso para que não fique assim
tão triste...
A partir de agora, quem quiser comunicar comigo pode sempre
usar os métodos mais tradicionais. Mas não através do facebook, messenger ou instagram.
Acaso haja alguma publicação desagradável em meu nome nestas plataformas, as
minhas desculpas, mas não fui eu…
Pelo que me toca, adeus facebook!
Frederico Cardigos é biólogo-marinho no Eurostat. As opiniões manifestadas neste artigo são totalmente pessoais e podem não coincidir com a posição oficial da Comissão Europeia.