Existem problemas que não têm solução? Eventualmente existem, mas ainda não encontrei um único. Todos os desafios têm solução; pode ser mais ou menos ambiciosa, ou mais ou menos exequível, mas a solução está lá sempre. Pode ser uma solução simplista e
Esta introdução filosófica vem a respeito do que li no último número desta Revista sobre o Parque Marinho da Arrábida. De facto, à primeira vista, parecem inconciliáveis os pontos de vista dos utilizadores desta área. Devem “esfregar as mãos de contentamento” os políticos refugiando-se na aparente impossibilidade de consenso para, mais uma vez, nada fazer. É triste, mas não vejo outra solução. Um problema sem solução! Será assim? Será que o Parque Marinho da Arrábida vai continuar a ser delapidado e destruído porque os utilizadores se culpabilizam uns aos outros não assumindo as suas próprias responsabilidades, apontando o dedo hirto aos ausentes? É triste se assim for.
Evidentemente, agora está à vista, que o processo nasceu torto. Ao não incluir, de uma forma eficiente, todos os utilizadores no processo de decisão, os gestores da área (o Instituto para a Conservação da Natureza) colocaram-se numa posição muito desconfortável. As necessidades de gestão não são
Existem dois modelos para preservar áreas que sejam, frágeis ou ricas do ponto de vista ambiental: o modelo “descendente” e o “ascendente” *. Passo a explicar: “descendente” é quando os políticos decidem e depois impõem a decisão aos utilizadores, “ascendente” é quando os utilizadores se entendem e os políticos limitam-se a colocar no papel o que já está acordado. Ambos têm vantagens e inconvenientes. A grande vantagem do modelo “descendente” é ser de rápida implementação, mas tem
Com honrosas excepções, em Portugal, conseguimos conjugar o pior de ambos os modelos e, nitidamente, foi o que aconteceu até agora na Arrábida. Como exemplo destas duas honrosas excepções, posso ilustrar
Tirando os gestores prepotentes ou os políticos extremistas, todos preferem o modelo “ascendente”. A forma mais simples de aplicar este modelo participativo é tentar reunir todos os utilizadores e deixá-los propor o ordenamento que consideram mais adequado. Se se chegar a um consenso este é habitualmente forte, robusto, justo, adequado e, muito importante, respeitado.
Normalmente, nas primeiras reuniões são apenas identificados outros utilizadores que não estão presentes inicialmente, coligidos documentos sobre a área e identificados os riscos efragilidades. Num passo seguinte, são identificados os pontos de conflito. A seguir
Não estou a inventar nada, estes modelos e aproximações já foram utilizados noutros locais
* do Inglês: “top down” e “bottom up”.
Para mais informação sobre as duas estratégias pode consultar o editorial de um número especial da Revista Parks dedicado às áreas marinhas protegidas: Kelleher, G. & C. Recchia(1998). Lessons from marine protected areas around the world. Parks, 8(2):1-4.
Publicado na coluna "Casa Alugada"
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