sábado, 26 de julho de 2003

O Desenvolvimento Sustentado do Mar

Dia 5 de Junho tive a oportunidade de assistir a uma conferência pública do Professor Mário Ruivo. Tenho que adiantar que para nós, a generalidade dos biólogos marinhos portugueses, o Professor Mário Ruivo, a par do Professor Luiz Saldanha e do Investigador Emygdio Cadima, é uma das sumidades fundamentais da nossa própria identidade enquanto profissionais. É uma daquelas pessoas que fala com um enorme conhecimento de todos os temas que ligam o homem ao mar, ao que alia, ainda por cima, o saber próprio da idade. Portanto, o que o Professor Mário Ruivo diz é, para mim e à partida, uma verdade insofismável.

Nesta conferência, o Professor falou na importância da participação pública para o desenvolvimento sustentável. A partir das suas palavras, eu próprio criei a minha interpretação queagora partilho convosco.

Esta coisa do “desenvolvimento sustentável” nasceu em 1987 com o Relatório “O Nosso Futuro Comum”, também conhecido por Relatório Brundtland. A importância da “participação pública” no reforço do desenvolvimento sustentável ficou fortalecida na Conferência do Rio, 1992. Depois de Joanesburgo, em 2002, passou a defender-se algo chamado de “triálogo”. Digamos que, pela forma como eu pessoalmente o interpreto, o triálogo é a declaração de vitória do mundo capitalista. Assume-se que para além do Estado e da Sociedade Civil, a iniciativa privada tem uma palavra e uma responsabilidade no desenvolvimento sustentável. Ao Estado cabe o papel de mediador e à Sociedade Civil o papel de inventor e reivindicador. Não que me agrade, mas é uma aproximação realista, talvez compatível com um dos objectivos depois de Joanesburgo: “que os benefícios da globalização sejam para todos”. É difícil ver muitos benefícios na globalização: porque raio temos de ser todos iguais? Penso que a globalização pode ser uma machadada muito pouco interessante na diversidade e na Cultura, mas é certamente uma oportunidade para que os países pobres passem a ter acesso a comida. Tenho dúvidas que isso funcione assim, mas, de certa forma, é positivo que os países tenham consciência que, já que não podem lutar eficientemente contra a globalização, ao menos, ganhem algo com ela... É uma perspectiva um pouco derrotista, mas, quem sabe, realisticamente saudável.

A nível pessoal, tenho de repetir, nada disto me agrada muito. Penso que a iniciativa privada, enquanto tal, deveria ter um papel secundário em relação à sociedade civil e ao Estado, mas, realisticamente, se calhar este é o caminho a seguir. De facto, grandes empresas como, apenas a título de exemplo, a Coca-Cola, a Microsoft ou a Nestlé, têm um poder muito maior do que qualquer ONG, mesmo pensando na WWF, na Amnistia Internacional ou em outras. Se conseguirmos incutir a essas empresas um sentido de responsabilidade equivalente ao poder que já têm, talvez o mundo passe a ser um pouco melhor.

Como se traduzirá essa responsabilidade é algo que ainda não consigo vislumbrar. A Coca-cola continua a produzir uma bebida que faz mal, a Microsoft programas de computador que encravam e a Nestlé está a uniformizar a comida a nível mundial. Como podem essas companhias ser re-orientadas para um papel responsável? Elas não podem sequer imaginar a perda de lucro, seria contra-producente... Então como é que isto se irá processar? Não sei. O Professor Mário Ruivo considera que é o consumidor que irá alterar essescomportamentos das empresas, realizando opções de compra conscientes. Eu penso apenas que este será um dos grandes desafios do nosso tempo.

A nível político, como toda a gente sabe, a Cimeira de Joanesburgo não foi nada de muito importante. No entanto, houve mais duas conclusões de relevo: que é necessário erradicar a pobreza e que é necessário melhorar o nível de vida médio. Segundo as conclusões da mesma cimeira, isto poderá ser atingido através de intervenções a diversos níveis. Estes níveis deverão passar a ser conhecidos pela sigla WEHAB (do inglês: Water, Energy, Heat, Agriculture e Biodiversity). Água, Energia, Calor, Agricultura produtiva e com segurança alimentar e Bioversidade e gestão dos ecossistemas, são então os vectores de intervenção mundial no sentido do desenvolvimento sustentável.

O papel do Estado, ou do Super-Estado, como a União Europeia, será de produzir legislação que promova os interesses dos cidadãos, desde que permitam o desenvolvimento sustentado (i.e. a necessidade de conciliar o desenvolvimento económico com a preservação do ambiente) e com intervenções ao nível do WEHAB. Depois de Joanesburgo a evolução deste tipo de pensamentos tem continuado. Neste momento o interesse maior tem residido na criação de indicadores ambientais (Conselho de Laken, Dezembro de 2002) que, a par dos indicadores económicos e sociais, certifiquem a qualidade das decisões tomadas.

Quando escrevo estas linhas ainda não se sabe se a gestão da Zona Económica Exclusiva das Regiões dos Açores, Madeira e Canárias (área entre as 50 e as 200 milhas da costa) e de Portugal continental (entre as 12 e as 200 milhas), passou para a União Europeia, ou não. Essa passagem significaria que as águas do largo passarão a poder ser exploradas porqualquer navio da UE e utilizando qualquer arte, desde que cumprindo os escassos permissivos regulamentos comunitários. Na minha opinião isso seria um perfeito disparate e próximo de um crime ambiental. E mesmo em relação às resoluções da enfezada Cimeira da Terra de Joanesburgo isso seria de um antagonismo atroz. Não faz sentido que:

  1. as suas águas dos cidadãos de Portugal passem a ser exploradas por frotas irresponsáveis como a Espanhola (gosto imenso do povo Espanhol, mas o seu comportamento em relação à pesca é profundamente anti-ecológico);
  2. esta área seja gerida pela mesma entidade que não consegue controlar a decadência da pesca do bacalhau, entre outras pescarias, no norte da Europa (a União Europeia);
  3. não se preze a biodiversidade de ecossistemas frágeis, tal como já foi alertado por inúmeros cientistas, nomeadamente da Universidade dos Açores,
  4. não se respeitem as opiniões das ONGs (WWF, Seas at Risk e Greenpeace) as quais, numa carta conjunta dirigida ao Conselho da Europa, alertaram para o enorme perigo da abertura das águas da Macarronésia em relação às frotas internacionais;
  5. não se respeite o órgão representativo mais importante da Europa, o Parlamento Europeu, que já aprovou uma resolução apelando à manutenção da privacidade destas ZEE;
  6. se desrespeite o sentido ecológico dos pescadores Açoreanos que sempre se recusaram a utilizar artes de pesca demasiado destrutivas (redes de arrasto) e se empenharam na criação de áreas marinhas protegidas (a arte de pesca mais eficiente utilizada nos Açores está proibida até três milhas da costa).

Ao contrário de mim enquanto escrevo, quando ler estas linhas poderá já ter a informação suficiente para aferir o seu próprio indicador ambiental sobre o poder responsável dos Estados e o verdadeiro objectivo da União Europeia: lucro de curto prazo ou desenvolvimento sustentável?


Publicado na coluna "Casa Alugada"

Elasmobrânquios

Os tubarões e raias (elasmobrânquios) são um dos grupos de animais mais conhecidos e temidos do nosso planeta, alimentando a nossa imaginação e cultivando alguns os maiores pesadelos de alguns de nós. Ao escrevermos este artigo, tivemos como objectivo valorizar este grupo de animais cuja complexidade só é rivalizada pela sua fragilidade.

Introdução

Há mais de 1000 espécies de elasmobrânquios descritas nos mares e rios do nosso planeta. Apesar do número não ser muito elevado – por comparação, existem mais de 20 mil espécies de peixes ósseos descritas – muitos ainda estarão por descrever, escondidos nas grandes e vastas profundezas oceânicas. O “megamouth” (Megachasma pelagios) apenas foi descoberto em 1976 depois de ter sido acidentalmente capturado ao largo do Hawai. Ora se um animal com 5 metros de comprimento e cerca de uma tonelada de peso, apenas foi encontrado já no último quartel do século XX, quantas pequenas espécies estarão ainda por descrever? E esta nem é uma espécie que se movimente especialmente fundo (crê-se que habite até aos 1000m).

Elasmobrânquios

Mas o que são os elasmobrânquios? Como se podem definir? São animais aquáticos, pertencentes à Classe dos Condríctios e em que o esqueleto é composto por cartilagem. Por vezes, podem existir depósitos de calcário que dão alguma rigidez às cartilagens, mas nunca chegam a verdadeiros ossos. Uma das razões que está por trás desta necessidade em não possuir verdadeiros ossos, resulta de outra das diferenças em relação aos peixes: a falta de bexiga natatória. Como não podem manter a sua posição na coluna de água através deste órgão, têm de manter um peso corporal tão baixo quanto possível. Nesse sentido, as cartilagens, por oposição aos ossos, são muito úteis. Mas há outras diferenças que os distinguem dos peixes e os agrupam entre si: 5 a 7 fendas branqueais; com poucas excepções, todos possuem a boca localizada na posição inferior da cabeça; reproduzem-se por fertilização interna; a dentição, no caso de existir, é efémera e substitui-se ciclicamente.

O sistema nervoso dos elasmobrânquios não é muito complexo, sendo o cérebro de pequenas dimensões. Por este facto, não são muito sensíveis à dor, o que lhes alarga a capacidade de luta contra outros predadores, competidores ou presas. Apesar disso e paradoxalmente, são muito sensíveis a pequenas variações na constituição química dos elementos dissolvidos na água e a perturbações físicas na mesma. Desta forma podem precaver-se contra a eventual presença de predadores e detectar facilmente potenciais presas.

A capacidade de distinguir elementos químicos na água é especialmente interessante para detectar a presença de presas feridas e a sangrar. Esta capacidade é possível graças ao facto de possuírem umas narinas especializadas (sacos nasais).

A audição é utilizada para detectar a presença de presas a longa distância embora, a distâncias mais curtas, o tacto se torne também muito importante. Alguns mergulhadores já repararamcomo as jamantas reagem rapidamente ao toque.

Tal como os peixes ósseos, os tubarões também têm órgãos sensitivos associados à linha lateral. São estes que permitem detectar a presença de presas com um comportamento errático,como, por exemplo, um peixe que se encontre ferido.

Para a detecção de presas que estejam enterradas no substracto, os elasmobrânquios possuem uns órgãos, localizados na cabeça, chamados de “ampolas de Lorenzini”. Estes órgãos permitem a detecção do campo eléctrico gerado pelo movimento muscular, como um coração a bater.

Outra das capacidades “estranhas” dos elasmobrânquios é a que está associada à detecção dos campos magnéticos. Graças a ela, estes animais podem executar longas movimentações, durante as migrações. De certa forma, é como se possuíssem uma agulha magnética dentro de si.

O seu sentido do gosto ou paladar também está muito desenvolvido e os tubarões rejeitam muitas vezes uma presa depois da primeira dentada não ter sido satisfatória. É por essa razão que os tubarões não se alimentam dos seres humanos apesar de, por vezes, lhes darem uma dentada. O nosso sabor não deve ser nada satisfatório...

A visão é um dos sentidos pouco desenvolvidos nos tubarões. Os olhos transmitem, na maioria das espécies, informação sobre a quantidade de luz presente, detectadas por umas células de nome “bastonetes”. Apenas as espécies que habitam as águas menos profundas, possuem um segundo tipo de células, de nome “cones”, que são sensíveis às cores. Apesar da importância relativamente pouco elevada da visão, algumas espécies protegem os olhos durante os ataques que desferem, cobrindo, nesse momento, os olhos com uma “membrana nictitante”.

Dentro dos elasmobrâquios, os dois grandes grupos são os tubarões e as raias. Os tubarões têm, genericamente, um corpo afilado enquanto as raias apresentam-no achatado dorso-ventralmente com as barbatanas peitorais muito desenvolvidas. Outras diferenças entre estes animais incluem os pares de fendas branqueais, que nas raias são sempre cinco e ventrais e nos tubarões podem variar entre 5 a 7. As fendas nasais dos tubarões são laterais enquanto nas raias as mesmas se apresentam ventralmente.

A barbatana caudal também difere nos tubarões e nas raias. Enquanto nas raias a barbatana caudal está de tal forma transformada que se pode considerar ausente, já no caso dos tubarões, esta é bem visível e heterocerca. Ainda ao nível das barbatanas, os tubarões apresentam barbatanas peitorais bem definidas, enquanto as raias – com algumas excepções – apresentam-nas ligadas à cabeça e mal definidas.

As raias

As raias têm um corpo com uma forma que se assemelha a um disco. Algumas espécies apresentam um espinho, também chamado de aguilhão, constituído por vasodentina e que pode servir para injectar veneno num potencial predador. Em caso de ataque, partes do aguilhão podem-se partir e permanecer na ferida causada na vítima. As raias apenas atacam utilizando o aguilhão no caso de se sentirem muito ameaçadas. São normalmente animais pacíficos, mas poderão surgir complicações no caso de serem, por exemplo, pisadas.

Os tubarões

Os tubarões adultos têm tamanhos que podem variar desde os 15 cm até aos 18 m de comprimento, dependendo da espécie. O maior peixe é mesmo um tubarão, no caso o tubarão-baleia. Esta espécie, rara em Portugal, pode muito ocasionalmente ser observada nas águas ao largo no nosso país. As espécies de tubarões estão bem adaptadas ao meio em que vivem e à estratégia de vida que adoptam. Reflexo disso é a pouca diferença que as espécies actuais apresentam em relação aos seus antepassados. De facto, há poucas diferenças entre as espécies actuais e as que existiam há 300 milhões de anos.

Como todos os peixes, a posição que ocupam habitualmente na coluna de água define o seu nicho ecológico. Nesse sentido, numa primeira aproximação, podemos definir os tubarões como costeiros, pelágicos e bentónicos. É difícil afirmar onde é que o território de um acaba e o seguinte começa porque, por vezes, são coincidentes. Mas, curiosamente, a forma da barbatana caudal acaba por ser um bom indicador da sua posição na coluna de água. Assim, os tubarões com a barbatana caudal mais homocerca terão a tendência de frequentar as zonas mais pelágicas, enquanto que um animal com a barbatana caudal muito heterocerca terá grandes probabilidades de se deslocar perto ou pouco acima do fundo. Mais uma vez, esta adaptação resulta da falta de bexiga natatória e a incapacidade de controlar facilmente o equilíbrio do corpo.

Os elasmobrânquios e o homem

O valor económico dos tubarões para a pesca não é muito elevado. Em vez de diminuir o interesse sobre estas espécies, este facto tem aumentado a necessidade das frotas capturarem os animais em grandes quantidades de forma a rentabilizar o esforço. Esta razão, associada ao desinteresse que o público e as autoridades têm sobre os tubarões, tem conduzido estas espécies a uma situação de eminente colapso das pescarias. Os tubarões estão em muito má condição. Espécies como a tintureira e a gata-lixa, outrora abundantes, necessitam de legislação e fiscalização urgentes. Especialmente a tintureira, visto ser uma espécie migradora, exigirá um esforço adicional para que os diferentes países concertem acções de forma a que a protecção seja efectiva ao largo de toda a sua rota. Não fará sentido que uma espécie seja protegida num país e dizimada noutro. No caso das espécies migradoras, um comportamento como o referido conduz, inevitavelmente, ao desaparecimento da espécie nos dois países. As raias e mantas não são alvo de uma exploração tão desenfreada, mas a falta de regulamentação poderá no futuro colocar estas espécies também na lista negra. Tal como já aconteceu com a população de raia-oirega do Mar do Norte, tendo esta sido uma das primeiras extinções detectadas causadas pela sobre-pesca.

Em suma, é absolutamente necessário proteger preventivamente os tubarões, estudar a sua biologia, estabelecer regras de exploração, concertar acções a nível internacional, dar formação aos pescadores e aumentar a fiscalização sobre a actividade da pesca.

A pesca desportiva de tubarões não se encontra em grande expansão em Portugal. O crescente esclarecimento do público em relação à situação crítica destes animais tem levado a que o interesse venha a decrescer. Como forma alternativa de explorar esta actividade, dando-lhe um cunho de “amiga do ambiente”, os operadores têm enveredado por uma adaptação na técnica que potencia a capacidade de sobrevivência do animal. Nesta operação os tubarões são capturados, marcados e libertados. A maioria dos animais consegue resistir ao stress provocado pela captura e os dados científicos obtidos em cada recaptura são valiosos e importantes para o estudo e conservação dos animais.

Nos últimos anos tem surgido uma forma alternativa de explorar os tubarões e raias, a observação e natação, a qual apresenta a vantagem adicional de não os destruir. Basicamente, os operadores turísticos transportam os clientes até locais em que possam ver estes animais em segurança. É uma actividade em expansão. Os retornos económicos da observação de tubarões são várias vezes mais elevados que a sua exploração comercial. Por exemplo o preço de um tubarão baleia morto em pouco passa os 100 dólares nas Maldivas, mas um mergulhador poderá pagar facilmente esse valor para o observar e o animal ficará vivo para ser observado e pago diversas vezes.

Honestamente, em Portugal, ninguém pode garantir a observação de um tubarão ou jamanta a não ser no Oceanário. No entanto, há locais no nosso país em que possibilidade de ver estes animais em ambiente selvagem é normalmente elevada. O único local que os autores deste artigo conhecem, no nosso país, em que 100% das imersões permitiram a observação dejamantas ou tubarões foi no Banco Princesa Alice nos Açores. Ainda nos Açores, cerca de 50% das imersões no Banco D. João de Castro permitiram a observação de jamantas.

Curiosidades

Fatos de malha de aço - Há formas alternativas de interagir com os tubarões. São muito conhecidas as experiências de utilização de fatos de malha de aço para protecção contra mordidas de tubarões. Apesar de inútil, porque ninguém terá esse fato por perto no dia que for realmente necessário, não deixam de ser interessantes as imagens de tubarões a morder os mergulhadores que ficam apenas arranhados.

Ataques de tubarões em Portugal – o único registo confirmado de um ataque não provocado de um tubarão em Portugal ocorreu ao largo dos Açores. Um operador cinematográfico foi atacado uma tintureira da qual teve de defender-se utilizando a caixa estanque da câmara. Para além deste já se registaram ataques de cações e tubarões martelo a caçadores submarinos.

O que fazer para evitar um ataque de tubarão

1- Não nadar em zonas desaconselhadas, pela frequência de espécies potencialmente agressivas;

2- Na eventualidade de surgir um tubarão, há que tentar não o provocar. Lembre-se que está no meio natural dele, logo, é ele que estabelece as regras (as adaptações resultantes de milhões de anos de evolução deverão prevalecer).

3- Tentar identificar se é uma das espécies potencialmente perigosa, já que a maioria das espécies de tubarões são consideradas inofensivas para o Homem. Se tiver dúvidas, ou se de facto identificar a espécie em causa como potencialmente perigosa, procure sair calmamente da água. Durante o percurso, não perca o tubarão de vista olhando directamente para ele. A probabilidade de um tubarão atacar é reduzida se não lhe virarmos as costas. Lembre-se que o comportamento habitual de uma presa é fugir, portanto evite comportar-se como tal!

4- Com calma, alertar os restantes banhistas ou mergulhadores. É essencial evitar o pânico, para a sua segurança e a dos outros.

TOP5
As 5 espécies mais emblemáticas dos elasmobrânquios
1. Tubarão-branco - pela sua postura agressiva e pelos filmes norte-americanos. É sem dúvida o tubarão mais conhecido.
2.
Tubarão-baleia - pelo seu porte e pela passividade.
3. Manta - Pela forma peculiar, pela beleza dimensão e pelo
comportamento natatório.
4.
Wobbegong – emblemático no Pacífico Ocidental pela sua coloração, forma e movimentação pesada.
5.
Tubarão-martelo – pela forma original da cabeça, muitas vezes utilizada para simbolizar os próprios tubarões.

TOP5
5 espécies passíveis de serem encontradas em mergulho em águas nacionais.
Ratão-águia
Uge
Tremelga
Cação
Tubarão-frade - um passeio ao largo das costas de Sesimbra pode proporcionar o avistamento desta espécie

TOP5
As 5 espécies mais exóticas (selecção da Sara, 6 anos)
1. Tubarão-demónio – prognatismo da parte superior da cabeça e aspecto desordenado dos dentes, apenas visíveis antes de um ataque.
2. "
Megamouth"
3. Peixe-porco de vela - a barbatana dorsal muito elevada dá um aspecto triangular à parte anterior do animal. Habita desde os 45 aos 650 metros, especialmente na zona do talude continental.
4. Peixe-serra

5. Uge-de-rio-ocelada – pela viva coloração.


TOP5
As espécies mais ameaçadas em termos de conservação (fonte: adaptado de Audubon)
1. Tintureira – pelas capturas desordenadas no Atlântico Norte.
2.
Tubarão-faqueta – a sua população declinou 80% nos últimos 20 anos.
3.
Galhudo-malhado – Descargas quadruplicaram entre 1988 3 1993.
4.
Tubarão-frade – Algumas populações locais decresceram em 80% nos últimos anos.
5.
Tubarão-branco – De troféu passou a ter um alto valor económico ($4, 000 por par de mandíbulas).

TOP5
Os cinco destinos para ver tubarões
1. África do Sul - Destino por excelência de quem quer ver tubarões brancos.
2. Califórnia – Destino
com possibilidade de nadar, beijar, estudar, marcar, domesticar tubarões... Fora de brincadeiras, as Channel Islands parecem ser um destino interessante para observar tubarões.
3.
Maldivas - Há cinco espécies comuns e facilmente observáveis nas Maldivas, incluindo tubarões-baleia. Para além destas, estão identificadas um total de 26 espécies de tubarões.
4. Bahamas - Bom local para observar
tubarões-touro e tubarão-limão.
5. Ilha de Cocos – concentrações de
tubarões-martelo. Possibilidade de ver outras espécies como o tubarão-luzidio.

TOP5
As espécies de elasmobrânquios mais perigosas que ocorrem em Portugal (fonte: adaptado de Fishbase.org)
1. Tintureira
2.
Rinquim
3.
Tubarão-de-pontas-brancas
4.
Tubarão-branco
5.
Tubarão-tigre

Para Saber Mais

Alguns sítios internet para turismo subaquático com tubarões

1- Maldives .... the last Paradise em http://maldive.com/dive/dive2.html

2- Skorpion Travel em http://www.skorpion-maldives.com/scuba_diving.html

3- Reef & Rainforest em http://www.reefrainfrst.com/sharksouthafrica.htm

4- Sports Safaris Africa em http://www.sportsafaris.com/

5- DivingWithSharks.com em http://www.jiwi.com/divingwithsharks.htm

6- ScubaDuba em http://www.scubaduba.com/bahamas/nfbahamas.html

Páginas internet sobre tubarões

APECE - Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação de Elasmobrânquios. http://www.apece.org/

Espécies Marinhas dos Açores, em http://www.horta.uac.pt/species/

Fishbase - Froese, R. e D. Pauly, Editores. Publicação electrónica na internet em http://www.fishbase.org/

Bibliografia

Livros e Artigos

- Compagno, L.J.V. 1984. FAO species catalogue. Vol. 4. Sharks of the world. An annotated and illustrated catalogue of shark species known to date. Parts 1 & 2. FAO Fisheries Synopsis 125. 655p.

- Silva, A.A. 1999. Tubarões dos Açores. Revista Mundo Submerso. 28: 36-40.

Guias de Identificação

- Debelius, H. 2000. Mediterranean and Atlantic Fish Guide. IKAN Unterwasserarchiv. 305p. - Guia de identificação dos peixes do Mediterrâneo e Atlântico. Está editado em Alemão, Inglês e Espanhol.

- Hennemann, R.M. 2001. Sharks and Rays: Elasmobranch guide of the worlds. IKAN Unterwasserarchiv, Frankfurt. 304p.

- Szpilman, M. 2000. Peixes marinhos do Brasil: guia prático de identificação. Instituto Ecológico Aqualung e MAUD Editora Ltda, Rio de Janeiro. 288p.

Glossário

Anequim ou Rinquim Lamna nasus.
Bexiga natatória
Divertículo do tubo digestivo dos peixes que funciona
como órgão hidrostático.

Cação Mustelus spp. embora nos Açores este nome comum corresponda à espécie Galeorhinus galeus.

Cartilagem – tecido flexível, de baixo peso.

Condríctios – grupo de tubarões, raias e quimeras. São os animais com corda dorsal, mas sem verdadeiros ossos.

ElasmobrânqueosPeixes cartilagíneos dos grupos Selachii e Batoidei. Este agrupamento exclui os Holocephali (quimeras).

Galhudo-malhado - Squalus acanthias

Gata-lixaSeláceo da espécie Dalatias licha.

Heterocerca – forma assimétrica das barbatanas caudais dos tubarões, sendo o um dos lóbulos mais comprido que o outro. Em oposição às barbatanas homocercasmais comuns nos peixes ósseos.

Peixe-guitarra - Rhina ancylostoma.

Peixe-porco de vela - Oxynotus paradoxus

Peixe-serra Pristis pectinata.

Raia-oirega - Raja batis.

Tintureira Prionace glauca.

Tremelga Torpedo spp.

Tubarão-baleia Rhincodon typus. Pode atingir 12 metros de comprimento, embora existam registo não confirmados de animais com 18 metros.

Tubarão-branco Selácio da espécie Carcharodon carcharias.

Tubarão-demónio - Mitsukurina owstoni. D. Carlos, Rei de Portugal, identificou este peixe nas águas nacionais pensando que estava a registá-lo pela primeira vez para a ciência, chegou a dar-lhe o nome científico de Odontaspis nasuta, infelizmente o mesmo já tinha sido descrito no Japão.

Tubarão-de-pontas-brancas Carcharhinus longimanus.

Tubarão-faqueta - Carcharhinus obscurus.

Tubarão-frade Cetorhinus maximus. Alimenta-se de plâncton. Maior tamanho registado 9,8 metros, embora existam referências não confirmadas a animais com 12 e 15 metros.

Tubarão-limão Negaprion brevirostris.

Tubarão-martelo Seláceo com cabeça achatada e lateralmente expandida, quando observada de cima, apresenta um aspecto rectangular que em muito faz lembrar o formato de um martelo. Nome científico Sphyrna spp. (para mais detalhes ver a Revista Mundo Submerso número 74).

Tubarão luzidio Charcarhinus falciformis.

Tubarão-tigreGaleocerdo cuvier.

Tubarão-touro Eugomphodus taurus.

Uge Dasyatis spp.

Uge-de-rio-ocelada Potamotrygon motoro.

Wobbegong Orectolobus spp.

Agradecimentos

Ao Professor Martin Sprung, excelente investigador e pedadgogo da Universidade do Algarve, amigo e bom conselheiro. O sorriso honesto, pacífico e pacificador do Professor Martin acompanhará sempre todos aqueles que o conheceram.
Ao
Fernando Tempera pelas correcções e sugestões. Ao Luís Quintino e Rui Prieto pela cedência de bibliografia. À Sara pela sua avaliação do nível de exotismo das espécies de elasmobrânquios.

Biografia

Frederico Cardigos - é licenciado em Biologia Marinha e Pescas pela Universidade do Algarve. Estagiou no Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores (DOP/UAç) e é mestre em Gestão e Conservação da Natureza. É bolseiro do Centro do IMAR da Universidade dos Açores através do Projecto MAROV (MCT-FCT-PDCTM/P/MAR/15249/1999). Colabora activamente no Projecto OGAMP.