No dia 29 de Maio recebi uma mensagem de correio electrónico, por diversas vias e com o mesmo conteúdo. Quando recebo estas mensagens repetidamente e o remetente não é um suspeito V$@gra, costumo dar-lhes uma atenção especial. Neste caso tratava-se de um velho vídeo de 1992, gravado no Brasil, durante a Convenção das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida por “Cimeira da Terra”. A mensagem do vídeo tinha tanto de importante como de actual. Em traços largos, tratava-se do discurso de uma criança em nome da ECO (Environmental Children Organization) que pedia contas aos adultos sobre o estado da Terra. Aquilo que mais me tocou foi a pergunta: se não têm soluções, como podem estar a destruir o Planeta? Era actual em 1992 e é actual hoje, quinze anos depois. A diferença é que hoje sabe-se, e não se sabia então, que ainda podemos inverter a degradação.
Uma das premissas da Cimeira da Terra era que o desenvolvimento e o ambiente andam de mãos dadas. Tendo esta premissa em atenção, um economista, de nome Lester Brown, resolveu calcular quanto custaria inverter a degradação do planeta. Lester Brown concluiu que inverter o actual estado do planeta custa 161 mil milhões de dólares por ano. Porque me parece muito interessante, irei repetir quais são as parcelas que reflectem este somatório (entre parêntesis o valor em milhares de milhões de dólares): educação primária generalizada incluindo a alfabetização de adultos (16), programa de almoços nas escolas e assistência a crianças pré-escolares e mulheres grávidas nos 44 países mais pobres do mundo (10), saúde reprodutiva e planeamento familiar (9), cuidados de saúde generalizados (33), reflorestação da Terra (6), proteger os solos (24), restaurar as terras de pastagem (9), estabilizar os níveis freáticos (10), restaurar os bancos de pesca (13) e proteger a diversidade biológica (31).
Umas páginas mais à frente estavam os gastos anuais em armamento. Estados Unidos da América: 492 mil milhões de dólares por ano, se somarmos o resto do mundo chegamos aos 975 mil milhões de dólares por ano. A simplicidade e a frieza destes grandes números são aterradoras e reflectem a realidade do nosso Planeta. A guerra do Iraque, que claramente não valeu a pena, custou aos EUA 500 mil milhões de dólares. Poder-se-ia ter salvo o planeta 3 vezes com a verba gasta no Iraque. Evidentemente que o Saddam Hussein era um facínora, mas terá valido a pena destruir um país para o tirar do poder?
Quando Severin Suzuki, canadiana, doze anos, fez o discurso de encerramento no Rio de Janeiro estávamos mais longe de saber o que era necessário para inverter a degradação ambiental do nosso planeta. Hoje sabe-se perfeitamente, basta agir!
Como agir? É muito fácil. Basta pensar como é que pode utilizar o seu tempo e o seu dinheiro para fortalecer as parcelas positivas e combater as parcelas negativas. Inscrever-se e participar nas actividades das Organizações Não Governamentais (para o Ambiente, Sociais ou Cívicas) pode ser adequado. E porque não inscrever-se num Partido político? Se são os partidos que decidem, porque não começar a fazer a diferença por dentro? A desculpa que é este ou aquele país o culpado, que é este ou aquele presidente de Câmara o corrupto, ou que é este ou aquele governante o incompetente não chega. Se eles são assim, a culpa também é sua porque votou, porque não votou ou porque não se indignou. A melhor forma de demonstrar indignação é participar! Se os 6 mil milhões de cidadãos fizerem a sua pequena parte, o mundo tornar-se-á um sítio muito melhor.
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