1. Estou perplexo ao verificar o número de furacões, tempestades tropicais e outros fenómenos naturais de alta intensidade que estão a afectar a América Central e a costa Leste dos Estados Unidos. A minha perplexidade não é motivada pela ocorrência dos fenómenos em si, mas mais pela quantidade e por os norte-americanos não perceberem que a causa primordial deste fenómeno são as alterações globais. É que se o cidadão comum dos Estados Unidos compreendesse que é o reflexo da sua desregrada atitude quotidiana que é espelhada nos fenómenos atmosféricos, talvez exigisse mudanças no comportamento do seu governo. Vejamos, sendo os Estados Unidos o maior emissor mundial de dióxido de carbono (um dos gases responsáveis pelo efeito de estufa) e não tomando atitudes concretas na sua contenção, como a assinatura e respeito pelo tratado de Quioto, é natural que a situação não melhore. E não se podem queixar de falta de avisos. Para além de todas as evidências científicas, algumas angariadas pelo próprio Pentágono, e até de alguma divulgação efectuada por Hollywood (veja-se o caso de "O Dia depois de Amanhã", de Roland Emmerich) nada parece acontecer. O público norte-americano (leia-se “cidadãos”) deveria, pelo menos, forçar George W. Bush a assinar o Protocolo de Quioto. Este documento congrega um conjunto de intenções e já foi assinado por 84 países, como Portugal, que se comprometeram a diminuir o nível de emissões poluidoras responsáveis pelo aquecimento global. Portugal comprometeu-se, mas não tem sido eficaz, embora isso seja outra história...
É por causa desta apatia irresponsável e pelo fomento das guerras do mundo que eu espero que esta Administração norte-americana não seja re-eleita. Infelizmente, não há grande esperança... Três milhões de pessoas foram deslocadas na Florida por causa do furacão Jeanne e as sondagens apontam para a vitória de George W. Bush. Não compreendo.
Fiz uma pequena pesquisa em que tentei entender o que preocupa os norte-americanos. Não tem qualquer valor estatístico, mas cheguei à conclusão que o crime, a SIDA, os sistemas de segurança social, o racismo, a morte e as taxas de juro são as maiores preocupações destes cidadãos. De facto, nesta pequena lista não consta o ambiente ou a guerra. Alguém terá, na minha modesta opinião, de colocar estes temas na lista de preocupações dos já aterrorizados norte-americanos. É que as decisões destes eleitores terão consequências directas na nossa felicidade. Como no outro dia dizia um dos directores da Yukos (a maior petrolífera russa), a solução para grande parte dos problemas do mundo é a não re-eleição do Presidente Bush. Não serei tão simplista, mas os dirigentes belicistas como Ariel Sharon, Yasser Arafat, George W. Bush, Kim Jong Il têm que ser afastados. Estes irresponsáveis não entendem que a violência e intolerância só traz mais violência e intolerância e assim não chegamos a lado nenhum... É preciso estimular os dirigentes que seguem políticas diferentes como foram Nelson Mandela, Gro Brundtland, Sérgio Vieira de Mello e Mikail Gorbatchev ou como é Kofi Annan. Infelizmente, não parece haver seguidores com as mesmas intenções e fibra.
2. Mais um modelo científico vem confirmar que a quantidade de pescado disponível no mar do Norte é significativamente inferior ao potencial da área. Os investigadores responsáveis pelo modelo científico pertencem ao Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), o mais reconhecido e respeitado órgão de apoio à decisão da política de pescas da Europa. É interessante verificar que o país que mais respeita as orientações científicas da Europa, a Noruega, é simultaneamente aquele em que os pescadores têm melhores rendimentos e dos poucos que não pertence à União. Sintomático? Oxalá o novo Comissário para as Pescas, Joe Borg, de Malta, tenha uma visão diferente do seu antecessor e respeite as recomendações científicas.
3. Estes dois casos vêm reforçar que é absolutamente urgente que o cidadão entenda a realidade e estabeleça prioridades quando exerce o seu direito/dever democrático de votar. A arma das sociedades avançadas deve ser utilizada com reflexão e tendo em vista as grandes opções que nos condicionam a longo prazo e não o resultado de um qualquer “fait-diver” momentâneo. Só assim os políticos irão entender que devem tomar as opções adequadas e não as mais populistas. Pelo menos é assim que eu penso e o próximo desses importantes momentos é já dia 17.
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