sexta-feira, 23 de julho de 2010

Super-estrelas

Foto: F Cardigos - SIARAM.

Segundo o dicionário, o termo “super-estrela” deve ser utilizado para classificar uma pessoa célebre que tenha um raro prestígio, conhecido numa escala global e que seja proeminente ou bem sucedido em qualquer especialidade. Evidentemente, eu não conheço nenhuma celebridade. No entanto, há uns dias atrás convivi durante algumas horas com uma super-estrela. Por convite de um amigo comum, dei por mim a subir ao mais alto ponto de Portugal com o antigo jogador de futebol Pedro Pauleta.
Não sei o que vos parece, mas eu sempre pensei em super-estrelas como vedetas distantes, arrogantes, presos em jaulas de primeira classe, incapazes de mais do que um esboçar de sorriso em direcção à plebe, encarcerados em roupas, carros e festas de selecta mediocridade. Eu pensava assim. Por isso, na minha subida ao Pico, por mais que me tenham dito e redito que o Pauleta não era nada disso, já estava à espera de, no mínimo, um gigante distanciamento.
Nada mais errado.
Começámos a subir e, perante o nosso ritmo de amadores, o Pauleta avisou logo, “amigos, gosto muito de vocês, mas eu tenho de voltar a tempo do futebol.” Bom, pensei eu, isto começa mal… Acabamos de começar e já estamos na fase das despedidas… Ao mesmo tempo, tentei contemporizar, dizendo para mim mesmo, afinal de contas trata-se de um profissional deste desporto de competição, é natural que queira chegar a tempo de ver a final do mundial da sua profissão.
No percurso, a forma física, o vigor e a agilidade dele vieram imediatamente ao de cima. Enquanto nós parávamos a cada 200 metros, o Pauleta saltitava por cima das rochas abrindo o caminho sem qualquer vislumbre de cansaço. Por muito que os seus amigos mais íntimos enfatizassem que ele “está em baixo de forma”, “nitidamente cansado pelos dois jogos de beneficência que realizou ontem” e “é pena, o jantar ter sido tão longo e tão cheio de animação…”, para mim, o antigo jogador era inacreditavelmente lesto. Com os meus botões conversava e perguntava-lhes, se isto é o Pedro Pauleta cansado, abatido e moído, o que será este homem em plena forma?
A resposta foi-me sendo dada por um e por outro ao longo da subida. O Pedro Pauleta é o melhor marcador de sempre da selecção nacional de futebol, o melhor jogador de sempre da equipa Paris Saint German, de acordo com uma votação feita pelos adeptos, está no onze ideal da principal equipa de Bordéus, onde jogou durante alguns anos, e é o segundo melhor marcador da selecção nacional de Portugal em finais do campeonato do mundo. Obviamente, está no estrelato do futebol internacional, principalmente em Portugal e em França.
No entanto, o que mais me impressionou foi o contraste entre a vedeta, que é, e a humildade e a acessibilidade que demonstrou. Foram dezenas de pessoas, e não estou a exagerar, que durante a subida lhe pediram para ser fotografadas com ele. Pessoas totalmente anónimas que receberam de volta um sorriso e uma disposição sempre pronta a retornar a simpatia de que era alvo. A certo ponto, uma criança que descia da montanha dizia à sua mãe “já ganhei o dia!”. Quer dizer… Ele tinha acabado de conquistar a mais alta montanha de Portugal, mas foi a fotografia com o Pauleta que o fez ganhar o dia...
No topo de Portugal, no cimo da montanha do Pico, perto dos deuses do Olimpo que o olhavam certamente com um rasgo de curiosidade e uma mal contida inveja, o Pauleta deu entrevistas, colaborou com os jornalistas em infindáveis takes “porque o Sol não iluminou da forma certa.” Em conclusão, e era esta a principal missão desta expedição, foi uma boa ajuda para promover o Pico enquanto candidato a maior maravilha do mundo natural de Portugal. Por falar nisso, não se esqueça de votar!
Eu não sei, nunca o saberei e também, honestamente, não tenho qualquer interesse em o saber, mas, se todas as super-estrelas forem em privado como o Pedro Pauleta que eu conheci, então o mundo da elite internacional é muito mais simpático do que eu antevia. Ainda bem! 

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