sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Copenhaga na Dinamarca


Tive a oportunidade de passar férias na cidade de Copenhaga. Acompanhado da família, visitei museus, parques, festividades (assistimos a uma Gay Pride Parade!) e passeamos, muito. Foi um período instrutivo e em que transpareceram várias coisas: os cidadãos de Copenhaga são cultos, orgulhosos e preocupados com o ambiente (há milhares de bicicletas a circular por todo o lado). Por outro lado, a cidade tinha sinais de desmazelo, reparei em diversas construções em muito mau estado de conservação, não era assepticamente limpa, como poderíamos esperar de uma capital de um país nórdico, e vi diversos vagabundos dormindo pelas ruas. Aliás, rezam os mitos urbanos que um dos mais bem sucedidos pedintes de Copenhaga era um funcionário público português que considerou mais lucrativo dedicar o seu tempo a vaguear pelas ruas desta cidade do que “picar o ponto” no nosso país.
Uma das coisas que mais orgulha os dinamarqueses é o seu sistema de segurança social. Afirma quem lá vive que pagam muito todos os meses, mas não têm demora no sistema de saúde, a assistência social é óptima e as escolas são quase perfeitas.
Mas “não há bela sem senão”… Ao mesmo tempo, informaram-me que, este é um país que privilegia claramente os nascidos na Dinamarca em detrimento dos forasteiros residentes. Aliás, falando com alguns destes estrangeiros a viver na Dinamarca, todos foram unânimes em afirmar que a Dinamarca é um excelente país, onde se vive bem e, cumprindo as regras, se usufrui de uma das sociedades mais organizadas e inteligentes do mundo. No entanto, é um país frio e distante em que as relações humanas entre os locais e os visitantes tardam em formar-se. Daí que digam que, um dia, ou voltarão ao país de origem ou partirão para outro local mais “quente”.
É certo que Portugal não tem grandes recursos endógenos e a organização da nação podia ser bem melhor. No entanto, não temos grandes focos de violência, há completa liberdade de expressão, usufruímos de paz social, vivemos num estado de direito, temos um sistema de saúde e de ensino razoáveis, tirando muito lamentáveis excepções, não temos pessoas a passar fome, temos acesso a bens culturais e, generalizadamente, a nossa qualidade de vida permite-nos dormir tranquilos. Não são muitos os países que se podem gabar do mesmo.
Há umas semanas foi publicada uma estatística que assinalava Portugal como o 27º melhor país do mundo para se viver. Para além das variáveis económicas, integrava também dados relacionados com a Saúde, Educação, entre outros. Logo surgiram as vozes interessadas do costume pondo em causa a validade da contabilidade ou exacerbando os resultados. Provavelmente, a realidade é mesmo esta: nós vivemos, com problemas, certamente, num canto muito aprazível do mundo. Exigentes como somos, queremos melhor, mas não devemos, na minha opinião, entrar numa espiral de depressão que nos amarrará, inevitavelmente, a uma tristeza inexplicável.
Pelo que tenho visto lá fora, sabe muito bem viver cá dentro!

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