Tintureira fotografada na área marinha protegida do Banco "Condor".
Quis o destino que fosse à Graciosa para participar na “IIIBienal de Turismo Subaquático”. Nos dias em que lá estive, como seria expectável, tive a oportunidade de rever muitos amigos, discutir novas e velhas ideias e aprender.
Todas as apresentações tiveram o seu valor e, algumas delas, foram profusamente ilustradas com as melhores imagens que podem ser produzidas no mundo subaquático. Curiosamente, as melhores das melhores, eram portuguesas e com sotaque açoriano. De facto, os Açores, com destinos como o Corvo, particularmente a Reserva Voluntária do Caneiro dos Meros, o Complexo dasFormigas e Dollabarat e o Banco Condor, com os seus tubarões-azuis, dominaram as emoções e encheram os olhos de quem gosta do profundo azul.
Um dos temas que me levou à Ilha Branca foi apresentar e dinamizar a discussão sobre o Código de Conduta Voluntário para Observar Tubarões. Este Código foi solicitado por quatro empresas de turismo subaquático do Faial e do Pico e, desde então, também em conjunto com a Universidade dos Açores, a as DirecçõesRegionais do Turismo e dos Assuntos do Mar todos se têm empenhado no afinar deste documento.
No final do Inverno passado, já tínhamos o Código praticamente pronto. No entanto, com o iniciar dos trabalhos da época alta, as empresas envolvidas começaram a notar que algumas das regras propostas não eram as melhores para a actividade. Digamos que foi um saber que também resultou da experiência feita. Ficou então estabelecido que o Código seria melhorado durante toda a época e, depois então, aprovado.
Aproveitando esse balanço, propusemos, e foi por todos aceite, apresentar o Código na “Azores Ocean Tour”, que decorreu na Ilha do Pico, e na Bienal, a tal da Graciosa. Aliás, reforçando e em jeito de aparte, não estranho a atitude aberta e disponível destas quatro empresas, a CW Azores, a Dive Azores, a Norberto Diver e a PicoSport, até porque todo o processo tem sido de uma enorme franqueza e partilha. Imagine-se que as empresas até enviaram imagens próprias de comportamentos que consideraram negativos, sugerindo que fossem partilhados para que os erros não se repitam!
Como não será de admirar, nos dois eventos foram dadas inúmeras sugestões que recolhemos e que agora serão alvo de um maturado processo de decisão. Muitas e boas ideias que merecerão atenção e reflexão cuidadas.
Um dos temas que mais paixões levantou foi a alimentação de tubarões. Para uma larga maioria, é impensável alimentar tubarões para os manter perto dos mergulhadores porque, essencialmente, eles poderão passar a associar a presença de humanos à comida. Imagine-se o que essa confusão poderia gerar no momento em que houvesse humanos e não houvesse a comida… Digamos que isso já aconteceu noutros locais e o resultado não foi nada agradável… para os humanos!
Os mais puristas defendem que nem para atrair tubarões se deve utilizar engodo. Mas, um outro grupo, ainda mais minoritário, considera que nem sequer se deve entrar dentro de água, porque isso já pode condicionar os magníficos esqualos do azul. Tenho a certeza que as melhores soluções emergirão nos próximos dias, mas ficamos com uma panóplia de pontos de vista, de hipóteses e de “certezas absolutas”. Na realidade, olhando em retrospectiva, é nestes momentos de partilha apaixonada de gente que ama muito a sua actividade predilecta, que me sinto bem em ser humano.
Quanto aos tubarões, muito pior do que jamais eles serão para nós, somos nós próprios que os colocamos em perigo, principalmente pela utilização de cegas artes de pesca e pelo medo que os filmes norte-americanos nos incutiram. Felizmente, no Faial, no Pico e no Recife Dollabarat há uma nova geração de empreendedores que lucra e estima estes magníficos animais na versão vivos e ao vivo. Quanto a mim, fazem muitíssimo bem!
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