Esta Veronica dabneyi, planta endémica dos Açores,
é mais rara do que um vencedor de uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos!
é mais rara do que um vencedor de uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos!
Decorreram até ao último final de semana os Jogos Olímpicos
de Verão na cidade de Londres, capital do Reino Unido. Neste evento, concorrem mais
de uma dezena de milhar de atletas pelas poucas centenas de medalhas
disponíveis.
Não deveria ser este o propósito essencial das olimpíadas,
mas sim contribuir para obtenção de níveis de excelência humana (mais rápido,
mais alto e mais forte) num convívio saudável e leal entre as nações. O Barão Pierre
de Coubertin, o grande responsável pelo ressurgir das Olimpíadas no final do
século XIX, entendia que a educação apenas estava completa com a componente
física individual e elevou esse conceito até ao que é hoje considerado o mais
prestigiado acontecimento cívico global.
No entanto, de facto, o empenho de muitos centra-se apenas na
contabilização das medalhas. É uma forma simples de aferir até que ponto uma
nação tem empenho na excelência dos seus atletas e é universalmente compreensível.
Nestes jogos olímpicos, o destaque foi para Estados Unidos da América e para a
China, tal como em Pequim 2008, embora por ordem inversa.
Alguns amigos declaram-me a sua desilusão pela única medalha
dos portugueses. No entanto, vendo bem, havendo “apenas” cerca de mil medalhas
em disputa, é natural que não ganhemos muitas.
Vejamos, em cerca de 200 países, no mundo há sete mil
milhões de pessoas. Cada uma destas pessoas pode ter a ambição de conquistar
uma destas medalhas e, portanto, fazendo uma divisão simples, temos uma medalha
por cada 7 milhões de habitantes do planeta Terra. Tendo em consideração esta
aproximação simplista, Portugal, com 10 milhões de habitantes, tem “direito” a
uma medalha. Já a China, com 1,3 mil milhões de pessoas, deveria obter 186
medalhas. Como, na realidade, nos jogos, ganhou “apenas” 87, isso significa que
está abaixo do que seria expectável. Por outro lado, os Estados Unidos da
América, com 300 milhões de pessoas, deveriam obter 43 medalhas. Na realidade,
em Londres ganharam 104 medalhas, o que os colocam claramente acima das
espectativas e que, de alguma forma, espelha a importância que a competição, a
todos os níveis, representa para este país e, também, a competência que detém
na formação de atletas.
Se os Açores fossem um país participante, usando também uma
aproximação estatística simplista, deveríamos ter uma medalha em cada 30
Olimpíadas, ou seja, uma medalha a cada 120 anos, já que os Jogos Olímpicos
apenas se realizam de quatro em quatro anos. Isto é, mais vale determo-nos nas
coisas realmente importantes dos Jogos Olímpicos e nos valores que lhe estão
subjacentes e deixarmos a medalha para Portugal e as medalhas para a Europa,
com quem também nos podemos identificar.
Aliás, a União Europeia, com 500 milhões de habitantes, nesta
aproximação simplista, tem “direito” a 71 medalhas. Agora repare-se… em Londres,
a União Europeia, pelas minhas contas, ganhou 300 medalhas! Ou seja, uma
proporção entre o obtido e expectável muito maior que os Estados Unidos da
América, 4,3 contra 2,4. Ou seja, somos os maiores ! Na realidade, não é bem
assim porque há um limite de atletas por país, o que beneficia a União Europeia
com mais de duas dezenas de países a contribuir, ficando assim com um número
superior e desproporcionado de atletas. De qualquer forma, a Europa é realmente
competitiva e possui boas escolas desportivas, ao nível dos melhores.
A massa crítica, neste caso estabelecida em número de seres
humanos em cada território, condiciona indelevelmente o número de medalhas que
se pode obter. Colocando de uma forma mais construtiva e consequente, em
qualquer momento das nossas vidas: “a união faz a força!”.
Há, no entanto, países que têm totais assimetrias nesta
espectável proporção. Não me compete, nem seria hábil para o explicar, mas… de
facto, a Austrália tem uma proporção entre medalhas obtidas e expectáveis de
11. Melhor ainda, a Jamaica do grande Usain Bolt tem uma proporção de 32!
Números a reter e indicativos de que tudo é possível.
Apanágio máximo de que tudo é possível é a incrível marca de
22 medalhas para um único ser humano. As contas são mais difíceis de fazer, até
porque as medalhas foram obtidas em três eventos, mas, sem adiantar a
matemática por trás (até porque é duvidosa), diria que a probabilidade de uma coisa
destas acontecer é de 0,0000022%. Portanto, estatisticamente, não aconteceu e o
Michael Phelps não existe… mas existe! Posto de outra forma, tudo é possível;
Basta ter vontade, ser competente e ser trabalhador (e ter alguma sorte…). Para os jovens, a
mensagem é descubram o que gostam de fazer e para o que têm jeito e
empenhem-se, mesmo que a probabilidade seja baixa, é realmente possível
conquistar os nossos sonhos!
Sem comentários:
Enviar um comentário