Uma Cadeira-de-Natal feita pela Bibioteca Natália Correia
e em exposição na Junta de Freguesia de Carnide, Lisboa.
e em exposição na Junta de Freguesia de Carnide, Lisboa.
Foto: F Cardigos.
O período de Natal e Ano Novo é particularmente importante
na nossa cultura. Para além da componente religiosa, que me escuso de comentar
por falta de conhecimento, apesar de lhe reconhecer enorme importância, há a
componente fraternal. Alguém, um dia destes, me dizia que nestes períodos,
paradoxalmente, há um aumento nos conflitos familiares, dada a proximidade
induzida pela ausência do trabalho e pela reunião de entes distantes. É
possível.
Apesar de reconhecer que a tensão pode ser relevante, para
mim, o período de festas é, na realidade, um período de íntima reflexão. A
falta de pressão por parte do trabalho e a instabilidade meteorológica que
inibe a realização de atividades de ar livre, abre-me espaço para um período de
intensa introspeção. De facto, vendo bem, todas as grandes decisões da minha
vida pessoal foram tomadas em período natalício. Escuso-me a dissertar sobre
elas, até porque, por definição, as decisões pessoais são-no isso mesmo.
A um outro nível, o período de festas tem-me permitido
fazer, reatar ou reforçar amizades improváveis. A vida do dia-a-dia afasta as
pessoas, naturalmente. Ao contrário do que muitos consideram e eu incluído
durante muito tempo, hoje penso que este afastamento não é um drama.
Simplesmente acontece. Não podemos manter todas as amizades em permanente
“ponto de ebulição” e, portanto, é natural que algumas “chamas”, no mínimo, se
afastem. Este afastamento não tem de arrastar um sentimento de culpa consigo.
As coisas são simplesmente assim.
Reatando “o fio à meada” desta conversa, no período de
festas, voltamos a encontrar as amizades distanciadas. Para além da componente
divertida inerente aos reencontros, às celebrações, às histórias, a mim
regozija-me muito a diversidade e a imaginação que estes momentos me
despoletam. As associações e encadeamentos de novos pensamentos que resultam
daquelas conversas são inesperadamente catalisadoras de novas ações. É como se,
de repente, ficasse com uma nova caixa de ferramentas de soluções intelectuais.
No final do período de festas dou por mim a dizer “e se fizéssemos antes
assim?!” com uma maior frequência. Os culpados desta alteração comportamental:
os meus amigos improváveis!
O Ano Novo e especialmente o Natal, por muito que o meu
cérebro pragmático o queira evitar, são especialmente importantes para o
reforço do ser e do saber estar. Os sorrisos e os abraços inerentes à família
próxima e aos amigos íntimos são a mais importante flama que nos motiva a ser
melhores seres humanos no dia-a-dia. Neste período, o olhar dentro dos olhos do
outro ou uma simples frase tornam-se num “és importante para mim”, “vai em
frente” ou “gosto de ti, pá!”. Pode ter sido repetido, de diferentes formas,
todos os dias do ano, mas, neste período de emoções à flor da pele, há um
relembrar que se torna imediatamente significativo.
Portanto, em resumo, especialmente hoje, aqui fica a minha
mensagem de agradecimento aos meus familiares, amigos e conhecidos por serem
quem são e como são. Mesmo que pudesse, não vos mudava um milímetro. A todos um
Feliz Natal, um Ano Novo cheio de coisas boas e que o futuro mais distante
ainda seja mais sorridente. “Para as curvas”, cá estou atento e cheio de
vontade!