sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fazendo Festas!


Uma Cadeira-de-Natal feita pela Bibioteca Natália Correia
e em exposição na Junta de Freguesia de Carnide, Lisboa.  
Foto: F Cardigos.

O período de Natal e Ano Novo é particularmente importante na nossa cultura. Para além da componente religiosa, que me escuso de comentar por falta de conhecimento, apesar de lhe reconhecer enorme importância, há a componente fraternal. Alguém, um dia destes, me dizia que nestes períodos, paradoxalmente, há um aumento nos conflitos familiares, dada a proximidade induzida pela ausência do trabalho e pela reunião de entes distantes. É possível.
Apesar de reconhecer que a tensão pode ser relevante, para mim, o período de festas é, na realidade, um período de íntima reflexão. A falta de pressão por parte do trabalho e a instabilidade meteorológica que inibe a realização de atividades de ar livre, abre-me espaço para um período de intensa introspeção. De facto, vendo bem, todas as grandes decisões da minha vida pessoal foram tomadas em período natalício. Escuso-me a dissertar sobre elas, até porque, por definição, as decisões pessoais são-no isso mesmo.
A um outro nível, o período de festas tem-me permitido fazer, reatar ou reforçar amizades improváveis. A vida do dia-a-dia afasta as pessoas, naturalmente. Ao contrário do que muitos consideram e eu incluído durante muito tempo, hoje penso que este afastamento não é um drama. Simplesmente acontece. Não podemos manter todas as amizades em permanente “ponto de ebulição” e, portanto, é natural que algumas “chamas”, no mínimo, se afastem. Este afastamento não tem de arrastar um sentimento de culpa consigo. As coisas são simplesmente assim.
Reatando “o fio à meada” desta conversa, no período de festas, voltamos a encontrar as amizades distanciadas. Para além da componente divertida inerente aos reencontros, às celebrações, às histórias, a mim regozija-me muito a diversidade e a imaginação que estes momentos me despoletam. As associações e encadeamentos de novos pensamentos que resultam daquelas conversas são inesperadamente catalisadoras de novas ações. É como se, de repente, ficasse com uma nova caixa de ferramentas de soluções intelectuais. No final do período de festas dou por mim a dizer “e se fizéssemos antes assim?!” com uma maior frequência. Os culpados desta alteração comportamental: os meus amigos improváveis!
O Ano Novo e especialmente o Natal, por muito que o meu cérebro pragmático o queira evitar, são especialmente importantes para o reforço do ser e do saber estar. Os sorrisos e os abraços inerentes à família próxima e aos amigos íntimos são a mais importante flama que nos motiva a ser melhores seres humanos no dia-a-dia. Neste período, o olhar dentro dos olhos do outro ou uma simples frase tornam-se num “és importante para mim”, “vai em frente” ou “gosto de ti, pá!”. Pode ter sido repetido, de diferentes formas, todos os dias do ano, mas, neste período de emoções à flor da pele, há um relembrar que se torna imediatamente significativo.
Portanto, em resumo, especialmente hoje, aqui fica a minha mensagem de agradecimento aos meus familiares, amigos e conhecidos por serem quem são e como são. Mesmo que pudesse, não vos mudava um milímetro. A todos um Feliz Natal, um Ano Novo cheio de coisas boas e que o futuro mais distante ainda seja mais sorridente. “Para as curvas”, cá estou atento e cheio de vontade!

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