Comprovativo do voto antecipado.
Foto: F Cardigos
Foto: F Cardigos
Como anunciei oportunamente e
orgulhosamente através das redes sociais, eu votei nas eleições europeias. No
dia indicado, desloquei-me à Secção Consular da Embaixada de Portugal em
Bruxelas, identifiquei-me, peguei no boletim de voto e num envelope, fui até ao
local apropriado, coloquei a cruz onde pretendia, dobrei o boletim em quatro,
coloquei dentro do envelope, fechei-o, entreguei ao presidente da mesa que, por
sua vez, o colocou dentro de um outro envelope, selou-o e remeteu-o à minha
freguesia na Região Autónoma dos Açores.
Tudo perfeito?
Não!
O meu voto chegou aos Açores
depois das urnas terem fechado e, portanto, não foi contabilizado. Eu,
totalmente involuntariamente, contribuí para os mais de 80% de abstenção dos
Açores nas eleições europeias.
Com que vontade fiquei eu e os
restantes açorianos em voltar a participar no processo democrático? Porque irei
gastar o tempo, a paciência e o dinheiro da Secção Consular de Portugal na
Bélgica para que não se contabilize o meu voto?!
Que se passa com os responsáveis
com o processo eleitoral em Portugal? Depois de mais de 28 anos de introdução
do voto eletrónico na Bélgica (em 1991), ainda andam a fazer experiências em
Portugal?! Rápido! Provem o que valem e lancem o voto eletrónico em todos os
distritos e regiões autónomas de Portugal e no estrangeiro já nas próximas
legislativas. O voto eletrónico é banal. Não tem qualquer ciência. Usa-se dos
Estados Unidos até aos países bálticos há dezenas de anos.
Em Portugal não se usa voto
eletrónico porque os responsáveis simplesmente não fizeram o suficiente. Com esta
falta de eficiência debilita-se ainda mais a democracia. Querem mesmo que as
pessoas desistam totalmente de participar?! Estão a jogar ao perde-ganha com um
sistema que custou anos de luta, as vidas de pessoas de bem e a liberdade de
muitos homens e mulheres.
Estou irritado, caso não se note…
Um dos funcionários do consulado
já me tinha dito, “voto para os Açores… Tem a certeza que chega a tempo?” Garanto
que não coloquei minimamente a possibilidade das suas suspeitas terem fundamento.
Afinal de contas, Portugal gastou muito dinheiro com o voto antecipado,
nomeadamente para os portugueses deslocados em missão (uma boa ideia!), e,
portanto, certamente, alguém estudou o assunto e concluiu que os votos chegariam
a tempo ao seu destino. Ou não…? Reparem, eu estou no centro da Europa, mas
quantos votos oriundos do Brasil, do Havai, dos militares em missões
humanitárias em África e de outros sítios onde há portugueses deslocados em
serviço terão sido validados?!
Não “coloquei a hipótese”, como
referi atrás, mas fiquei a remoer. Quando o remoer me chegou ao hipotálamo,
escrevi para os Açores e pedi para verificarem. Não demorou muito para me darem
a má notícia.
Raios!? Que se passa? 28 anos
depois de se começar a votar eletronicamente, em Portugal ainda se fazem as
primeiras experiências?! As primeiras experiências… Estou irritado porque o meu
voto foi inútil, por ter contribuído para abstenção e por não haver ainda voto
eletrónico em Portugal. Claro que estou irritado!
Notas:
Sem comentários:
Enviar um comentário