Foto: F Cardigos - SIARAM.
Tenho que advertir que não sou economista e o que irei expressar neste artigo resulta da minha experiência como viajante desta vida em conjunto com o bom senso do meu amigo Mário Frayão. Na minha opinião, um bom negócio é aquele que é sustentável, atinge a sua fase de lucros líquidos, no máximo, em cinco anos e contribui para a felicidade a quem dele vive. Esmiuçando um pouco mais, sustentável, para um ambientalista como eu, é uma actividade que contribua para o progresso, mas que não hierarquize os pilares fundamentais: ambiente, economia e sociedade.
Em diversas circunstâncias públicas tenho defendido a necessidade de investimento. Por diversas razões, considero que este é o momento de investir e, portanto, acho que eu próprio tenho de apontar alguns exemplos que eu considero bons. Esta não é uma listagem exaustiva, resultando apenas da minha percepção do que vou vendo e do que me vão informando. Por razões óbvias, não me ficaria bem referir os nomes das empresas envolvidas, mas estou disponível para trocar ideias mais detalhadas com quem o desejar.
Nos últimos anos, as actividades que mais diversidade têm apresentado e, nalguns casos com excelentes ideias, são as ligadas ao turismo. Há uma unidade de Turismo de Aldeia na Ilha das Flores, Concelho das Lajes, que, apesar de estar encerrada durante o Inverno, gera tais lucros que os seus proprietários se dão ao luxo de manter todos os empregados permanentemente no activo. Esta unidade é extraordinária sob todos os pontos de vista incluindo o patrimonial já que foram recuperadas com a traça original mais de uma dezena de casas.
Ao chegar ao Pico para promover uma actividade sobre o GeoParque dos Açores, perguntei a uns turistas se estavam alojados num determinado empreendimento. Eles disseram com tristeza que tinham tentando, mas apenas havia vagas em Setembro… de 2011! Repare-se que esta unidade tem o preço de alojamento diário com preços a rondar os 175 euros. É extraordinário.
Alicerçados num investimento quase intimista com os turistas, fazendo as saídas em pequenas embarcações, são diversas as empresas que se consolidaram no mercado e tornaram os Açores um dos melhores destinos do mundo para a observação de cetáceos. Neste momento, há dezenas de milhares de pessoas que se deslocam às nossas ilhas para, acima de tudo, ver algumas das mais de duas dezenas de espécies que circundam as ilhas.
Na Ilha do Faial, uma unidade de turismo rural faz também torneios de golfe… rústico! O sucesso é tão grande que as actividades chegam aos maiores órgãos de comunicação nacional de Portugal.
No passado, por oportunidade e por ignorarem o risco os açorianos tiveram o azar de orientarem todo o investimento numa única direcção. Sucederam-se assim os chamados períodos do pastel, da laranja, da vinha, da baleia… todos eles condenados pelo mercado ou por contingências ambientais. Hoje em dia considera-se fundamental a diversificação. Seguindo essa estratégia e, nalguns casos, os instrumentos financeiros colocados à disposição pelo Governo, alguns investidores têm apostado na agricultura biológica. Curiosamente, na Ilha Terceira, nas Fontinhas, há um destes modernos agricultores que se orgulha de ter um negócio viável e nunca ter pedido um cêntimo ao Governo “porque não preciso!”. Ou seja, mesmo admitindo que são casos extremos, numa exploração agrícola convencional os apoios rondam os 47% (números oficiais) e, neste caso, 0%. Digam-me lá que não há aqui um nicho interessante?!
Entre os projectos de investimento privado que mais fundos do Governo têm cativado estão os na área ambiental. Quase todas as médias empresas dos Açores ligadas à construção e à metalurgia têm diversificado a sua acção para a área de gestão de resíduos. Numa sociedade moderna, com uma qualidade de vida apreciável, se há coisa que sempre se gerará são resíduos. As exigências em termos de saúde pública e salubridade ambiental exigem tecnologias avançadas e sistemas organizados. Algumas empresas, com excelentes resultados ambientais e bons resultados económicos, têm investido e aproveitado as oportunidades fomentadas pelo Governo. Parece-me um caminho a equacionar.
Algumas vozes mais interessadas na sucessão política do que na felicidade do seu povo têm-nos conduzido a uma letargia que eu considero preocupante. Evidentemente que há problemas, mas, muito mais que infortúnios, possuímos um conforto contrastante com o que existia neste país no passado próximo e, acima de tudo, há novas possibilidades. Estamos num mundo moderno que procura muito daquilo que ainda existe nos Açores.
Relembro que os títulos ganhos pelos Açores e que claramente ligam o nosso desenvolvimento ao Ambiente, colocam-nos num patamar de excelência que abre algumas das portas mais exigentes do mundo. Aqueles que têm jeito para o negócio, que não é o meu caso, por favor, olhem com atenção. É o momento de investir!
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