No outro dia, li algures que era possível caracterizar o trabalho recente do sector do Ambiente na Ilha do Faial com uma bandeira azul e um aquário virtual… É obra conseguir esquecer as intervenções no Jardim Botânico, que, para além da ampliação do espaço, incluiu a construção do orquidário, a criação do “Herbário Eng. Ilídio Botelho Gonçalves” e a manutenção de um banco de sementes da flora endémica dos Açores, mas esqueceu-se também da recuperação da Casa dos Cantoneiros, a recuperação do Miradouro dos Dabney e cinco outros sítios de contemplação, a construção de um centro de observação de aves nos charcos de Pedro Miguel, a implementação de uma pista de BTT no Parque Natural do Faial, a criação da rota “Parque a Cavalo”, a limitação do perímetro da Caldeira e a publicação da respectiva regulamentação oficial, a consolidação do funcionamento do Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos e, já em construção, a recuperação da Casa dos Dabney na Praia de Porto Pim. Apenas “paliativos”, alguém disse…
Como é possível ignorar a recuperação de muitas áreas até há pouco tempo ocupadas por flora invasora, a concepção ou recuperação de sete trilhos pedestres, incluindo o Trilho dos Dez Vulcões, a publicação de um Guia interpretativo para todo o Parque Natural do Faial, o desenvolvimento de um curso de guias especializados em ambiente em parceria com a Escola Profissional da Horta, a criação e dinamização do selo de “Parceiro do Parque Natural”, a dinamização de uma newsletter periódica e a organização do Simpósio da Associação Ibero-Macaronésica dos Jardins Botânicos? Como ficou esquecido que, nos intervalos, ainda se conseguiu obter a representação de Portugal nos prémios EDEN (European Destinations of Excelence Network) e o galardão QualityCoast e, já agora, a colaboração na entrada da Horta nas Mais Belas Baías do Mundo (com a respectiva vénia à Câmara Municipal da Horta)?
É necessário estar distraído com qualquer coisa muito importante para tentar apagar todo este resultado numas lacónicas palavras e atropelar o magnífico trabalho feito por esta extraordinária equipa. Para que não fiquem quaisquer dúvidas, tudo o que referi atrás é o resultado do trabalho de um empenhado conjunto de profissionais com sede na Secretaria Regional do Ambiente e do Mar.
Ao mesmo tempo, esta mesma equipa, projectou o Centro de Resíduos do Faial e criou a Direcção Regional dos Assuntos do Mar, para gerir a orla costeira e o vasto Mar dos Açores, e a Entidade Reguladora de Serviços de Águas e Resíduos. Ambas as entidades têm sede na Ilha do Faial. Como se fosse pouco, esta mesma equipa propôs o diploma que dará corpo o Parque Marinho dos Açores e aí indicou como sede a cidade da Horta. Garanto-vos que é muito e bom trabalho e também pela Ilha do Faial!
Em relação ao Aquário Virtual e para que não se pense que estou a fugir a seja o que for, relembro que, antecipando que seria necessário adequar o investimento a uma nova realidade financeira, abandonamos o anterior projecto. Sinceramente, o que seria admissível? Insistir num investimento milionário ou fomentar uma aproximação reprodutiva e congruente com as actuais possibilidades? Obviamente, o segundo. Bafejados pela sorte, foi-nos proposto por um conjunto de jovens empreendedores locais de sucesso que fizéssemos uma enorme alteração no projecto. Estamos a trabalhar nisso e, em breve, teremos implementada uma solução imaginativa e que fomentará mais uma actividade na nossa ilha.
Mas mesmo que o projecto do Aquário Virtual corresse mal, e não está fora de hipótese que corra, seria admissível tentar julgar o trabalho feito no ambiente faialense com base nesse único facto? Pelos vistos, para algumas pessoas, o ambiente faialense resumir-se-á sempre ao que não conseguem ver. Nada a fazer…
Seria possível fazer melhor? É sempre possível fazer melhor, especialmente para quem, na bancada, se limita a ver o corso passar.
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