Foto: F Cardigos.
Tenho estado envolvido num dos processos mais enriquecedores
da minha vida profissional. Como consequência da resolução da Comissão
Interministerial para os Assuntos do Mar ao propor uma nova Estratégia Nacional
para o Mar, tenho estado envolvido ativamente na sua discussão pública. Nessa
sequência, já estive nas ilhas do Pico, São Jorge, Graciosa e Santa Maria e, quando
este artigo for publicado, já terá decorrido a sessão do Faial. Seguir-se-ão as
restantes ilhas.
Para o processo de discussão têm sido convidados todos os
interessados que podem transmitir as suas ideias em sessões que começam por uma
pequena apresentação sobre a proposta de Estratégia e apresentações dadas por
oradores especialmente convidados. O processo tem trazido à superfície imensas
ideias sobre oportunidades de melhoria (incluindo novos investimentos) e
algumas debilidades na proposta de Estratégia.
Dentro das oportunidades, a classe piscatória já identificou
a possibilidade de inserção de novos projetos relacionados com as suas ambições
enquanto estrutura profissional bem organizada. Também os cientistas têm feito
observações pertinentes e outras plataformas de interesse têm demonstrado
interesse e ideias bem estruturadas no que diz respeito ao uso que devemos dar
ao mar.
Muitas vezes, durante os longos debates, a conversa descai
um pouco para as componentes mais particulares. Isso não é negativo e tem-nos
permitido passar do interesse pessoal para o seu reflexo ao mais alto nível do
pensamento nacional. Raras vezes podemos ter essa oportunidade. Exemplificando,
muitas pessoas e instituições têm-se queixado da falta de acessibilidade ao mar
provocada pela burocracia, pelos longos e sinuosos processos de licenciamento
(incluindo cartas de navegação) e pelos impostos a que estão sujeitas as
embarcações de recreio. Tudo isto pode ser refletido na Estratégia Nacional
para o Mar como barreiras a derrubar.
De entre as debilidades, eu tenho exteriorizado a
importância de constar um capítulo que refira a organização interna do Estado e
a clarificação da definição que é utilizada para o Princípio da Precaução. Mais
especificamente, parece-me essencial que se detalhem as competências e
obrigações de cada um dos atores do Estado no que diz respeito ao mar, dando
uma maior evidência às competências regionais. Também me parece que a definição
de Princípio da Precaução que refere que “a falta de conhecimento não pode
justificar a falta de uso” é um erro básico e tem de ser corrigido. O Princípio
da Precaução diz exatamente o contrário, ou seja, em caso de dúvida sobre os
efeitos de uma medida, deve-se atuar no sentido conservativo. Podemos adotar ou
não o Princípio da Precaução, mas não o podemos desvirtuar. Na minha opinião,
devemos adotar este enorme valor da ecologia mundial e defini-lo corretamente.
Tudo isto pode acontecer se participarmos na consulta
pública sobre a Estratégia Nacional para o Mar. É essencial que haja motivação
suficiente para que se transformem as ideias de cada um em observações escritas
e submetidas através da página internet dedicada ao processo. Não é difícil e,
se o mar é importante para os açorianos, é essencial participar.
Estou muito curioso acerca dos frutos desta sua recente atividade frenética, que, presumo, deve ser bastante estimulante. Seria interessante podermos ir partilhando um pouco mais de substância acerca dos temas concretos, específicos, abordados nas sessões realizadas no âmbito da discussão pública de assunto de grande interesse e impacto para o futuro dos Açores. Até porque as Nações Unidas acabaram de publicar um plano para a extração de ouro, cobre, manganésio, cobalto, níquel e outros metais do fundo dos oceanos... (http://www.isa.org.jm/files/documents/EN/Pubs/TS11/index.html)
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