Aspecto exterior do Museu Hergé.
Foto: F Cardigos
Uma das virtudes da Bélgica é o seu apreço pela banda
desenhada. Na cidade de Bruxelas existem diversas livrarias e dois museus
especializados nesta arte. Alguns dos maiores vultos dos livros aos
quadradinhos são belgas e, apenas para nomear o mais conhecido, relembro que
Hergé, o criador do Tintim, era belga. Mas há muito mais: os estrumpfes, o
Gaston Lagaffe e o Marsupilami são também belgas. Mesmo o Michel Vaillant, que
é tão francês quanto uma personagem de banda desenhada pode ter nacionalidade, nasceu
na revista do Tintim. Para além de Vaillant, também Blake e Mortimer, Ric
Hochet e Alix nasceram na revista “para jovens dos 7 aos 77 anos”. Aliás, as
ligações entre a Bélgica e a França, no que diz respeito à banda desenhada, são
muito intensas. Por exemplo, as personagens Spirou e Fantasio foram criadas em
França, mas foi o belga Franquin que produziu as suas histórias durante dezenas
de anos.
Porque sou apreciador de banda desenhada, visitei com algum
cuidado os dois museus completamente dedicados a esta arte aqui em Bruxelas. Um
deles tem o nome de Centro Belga de Banda Desenhada e está instalado num
edifício Arte-Nova com alas que versam temas como os autores belgas ou a arte
de desenhar. No entanto, a ala que me impressionou mais foi a dedicada à cidade
de Bruxelas. Os curadores do museu ampliaram vinhetas que ilustram a cidade de
Bruxelas. O resultado é impressionante. Sentimo-nos a fazer uma visita virtual
guiada pelos mais importantes heróis da banda desenhada, belgas ou não,
passando de telhados para ruas e de ruas para os edifícios mais emblemáticos.
Valoriza a cidade e a banda desenhada. Muito bem!
O segundo museu é dedicado às personagens de banda
desenhada. Aqui estão em exibição muitas centenas de bonecos de banda desenhada
com tamanhos que variam desde o polegar até ao tamanho real, se é que uma
personagem de banda desenhada pode ter um tamanho “real”... Nalguns locais,
incluindo no próprio museu, é possível adquirir este tipo de bonecos ou os seus
acessórios. Por exemplo, numa livraria de Bruxelas, vi um modelo da nave que
“levou” o Tintin à Lua à venda por mais de oitocentos euros e, neste momento, num
sítio da internet pedem 1250 euros por um exemplar em resina do Gaston Lagaffe
a dormir no ninho dos marsupilamis!
Já fora de Bruxelas, há um outro museu muito interessante.
Este é totalmente dedicado a Hergé, o criador do Tintin. Está instalado num
edifício moderno, concebido de raiz para albergar algumas das preciosidades
criadas por este autor e, evidentemente, com particular destaque para as Aventuras
de Tintim e Milu.
Para os belgas a banda desenhada é tão importante que um dos
aviões da Brussels Airlines, está totalmente decorado com imagens das Aventuras
de Tintin. Já tive a sorte de viajar para Lisboa neste avião. Para além das
imagens omnipresentes, à partida de Bruxelas distribuíram álbuns do Tintin para
lermos durante a viagem. Não há dúvida que é uma excelente forma de promover um
dos produtos de maior sucesso da Bélgica e divulgar a sua cultura. Talvez fosse
de fazer o mesmo na SATA, eventualmente usando queijadas da Graciosa, amostras
de queijo de São Jorge, poemas de Antero, fotografias subaquáticas ou, sei lá,
tanta coisa... Não sei se seria financeiramente viável, mas poria o mundo a
falar ainda mais sobre os Açores, tal como eu estou agora a escrever sobre a Bélgica!
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