Rotunda de Schuman, vista parcial
Foto: F Cardigos
Chegou o Verão.
Para além das temperaturas
elevadas que assolam Bruxelas, a cidade esvaziou-se de pessoas, parecendo mesmo
que partiram para parte incerta. As férias escolares levam muitos funcionários
a, naturalmente, pedir férias durante o Verão e como por aqui se trabalha
essencialmente em rede, faltando tantos “nós” dessa rede, os restantes funcionários
acabam por partir também ou, no máximo, aproveitam para meter o escritório em
dia. Portanto, a azáfama que normalmente se vê pelas ruas das instituições
europeias, seja por ausência geográfica ou seja por o trabalho estar mais
concentrado no interior dos escritórios, é substituída por uma cidade essencialmente
fantasma.
Algumas instituições levam este
período de uma forma tão rigorosa que, simplesmente, fecham. Por exemplo, o
Parlamento Europeu encerrou todos os trabalhos no edifício principal aqui em
Bruxelas no dia 13 de julho e apenas voltará a estar em pleno funcionamento no
dia 27 de agosto. Durante esse tempo, os eurodeputados deverão ocupar duas
semanas em visitas às circunscrições que os elegeram e gozar o seu período de
férias. Em termos genéricos, o mesmo acontece no Conselho, ficando apenas ativa
a Comissão Europeia.
O Comité Económico e Social e o
Comité das Regiões são órgãos consultivos do Parlamento Europeu, Conselho e
Comissão e mantêm os seus trabalhos até um pouco mais tarde, efetuando algumas
das audições públicas que ajudam a estruturar as suas opiniões. Nessas audições
encontramos alguns dos representantes de setores, os chamados lobistas, e os
representantes regionais com presença permanente em Bruxelas.
O Gabinete dos Açores em Bruxelas
mantém as suas portas abertas até ao início de agosto, sendo um dos raros casos
em que isso acontece. A maioria das representações regionais vão partindo a
partir do meio de julho até que, na última semana desse mês, quase nenhuma está
por Bruxelas.
Na representação da Região
Autónoma dos Açores fazem-se os últimos relatórios de participação em reuniões
e audições, preparam-se os boletins informativos temáticos que serão emitidos
durante o mês de agosto e prepara-se o mês de setembro, agendando reuniões e
analisando o final do período legislativo. A especial ênfase ao final do
período legislativo justifica-se porque o Parlamento Europeu terá eleições no
mês de maio de 2019 e, até lá, nova e complexa legislação terá de estar
discutida e aprovada. Entre os diferentes dossiers, assumem particular
importância o quadro financeiro plurianual de 2021 a 2027 e seus derivados nas
componentes relacionadas com a coesão, agricultura, pescas, ambiente, energia e
ciência.
No dia 4 de agosto e até dia 27,
também nós partiremos, deixando Bruxelas ainda mais perdida na sua particular
solidão. A cidade será devolvida aos seus legítimos donos, os belgas, e
partilhada com aqueles turistas que procuram a cidade da arte nova, das
florestas, dos jardins e dos museus que, no restante ano, é positivamente
esmagada por 20 mil funcionários europeus e, talvez, o equivalente ao dobro em funcionários
de estruturas de apoio e de sensibilização.
Do Gabinete dos Açores em
Bruxelas olho para a rotunda de Schuman. Este espaço, que no restante período
do ano está ocupado com manifestações e ações de sensibilização ou motivação
para políticos, está com um ar desolador. O senhor que num dos extremos vende
flores e o seu amigo que vende fruta já se despediram de mim na semana passada.
Estavam felizes, celebrando o Verão, as férias e o descanso, tal como daqui a
algumas semanas celebrarão, com empenho, a chegada do frio e do trabalho. Todos
nós!
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