sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Crónicas de Bruxelas: 27 - Corpo Europeu de Solidariedade


Ser solidário
Foto: F Cardigos


Poucas pessoas nos Açores já terão ouvido falar do Corpo Europeu de Solidariedade. No entanto, é importante tê-lo em particular atenção uma vez que, apesar de apenas começar oficialmente em outubro, já tem mais de 60 mil jovens inscritos. Como se pode ler no sítio internet dedicado à iniciativa, este Corpo Europeu pretende dar a oportunidade de fazer voluntariado ou para “trabalhar em projetos, no próprio país ou no estrangeiro, em benefício de pessoas e comunidades de toda a Europa”. Todos os jovens dos 17 aos 30 anos são bem-vindos. Neste momento, há 28 projectos em Lisboa e 2 em Faro, mas talvez seja mais interessante pensar em usar este instrumento para obter uma experiência internacional, fazendo parte de programas também úteis, mas mais enriquecedores do ponto de vista cultural.
Dependendo do projecto específico, as deslocações e as despesas locais poderão ser pagas pela organização que dinamiza a atividade de solidariedade escolhida pelo voluntário. Portanto é muito importante ler com cuidado a descrição do projecto em que nos iremos envolver, não apenas pela componente mais relevante e relacionada com o acto de solidariedade em si, mas também pelas contrapartidas, que, no final do dia, podem ou não viabilizar o projecto individual.
Espera-se que as plataformas de governo multinível sejam envolvidos, desde as autarquias às autoridades regionais e nacionais. Ou seja, o Corpo Europeu de Solidariedade não deve surgir da simples intenção de uma qualquer organização não governamental ou associação, mas sim desenvolver-se num contexto mais alargado e robusto. Esta postura serve também para evitar que o Corpo Europeu de Solidariedade seja utilizado para que essas entidades obtenham mão-de-obra barata e subsidiada pela União Europeia, como já foi alvitrado por alguns. Se isso acontecer na realidade, esta boa iniciativa estará condenada.
A União Europeia tem em curso diversas acções relacionadas diretamente com o apoio aos jovens. O DiscoverEU, o Erasmus e este Corpo Europeu de Solidariedade, cada uma delas constitui uma oportunidade palpável de partir, em simultâneo, para a aventura da descoberta, do conhecimento e da fraternidade.
A propósito do DiscoverEU relembro que estão, neste preciso momento, a viajar de comboio e com as viagens pagas, milhares jovens da União Europeia. Para ter uma ideia do que se passa nessa enorme aventura, desafio uma busca nas redes sociais, como o twitter por exemplo, usando a etiqueta #DiscoverEU. Relembro também que haverá uma segunda oportunidade para os jovens que tenham 18 anos em setembro.
O Programa Erasmus será amplamente reforçado no próximo quadro comunitário de apoio, portanto de 2021 em diante. Pelo que vou vendo à minha volta, pelo entusiamo dos mais jovens por esta iniciativa, os pais que se preparem porque a exceção será os que não tenham tido uma experiência internacional numa parte do seu período formativo. Para além da importância de isso constar no currículo para quando se enfrentar o mercado de emprego, há essencialmente as histórias e as aventuras que eles poderão contar.
A União Europeia está a apostar em força nos jovens europeus, contribuindo para que se tornem melhores pessoas, mais aptas e mais felizes. Tenho que admitir que me causa um enorme orgulho viver neste tempo de oportunidades e espero que os jovens do meu país saibam aproveitar. Atrevam-se!

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