Há uns dias atrás, na Exposição
Universal do Dubai, tive a oportunidade de visitar o Pavilhão da Ucrânia.
Aproveitando estar naquela feira em trabalho, mesmo que modestamente, queria aliar
o meu respeito e a minha solidariedade ao povo daquele magnífico país que, como
todos sabemos, está a ser vítima de uma inqualificável invasão.
Pensei que iria entrar num espaço
expositivo como os habituais neste tipo de encontros: Uns painéis explicativos,
um filme e umas esculturas mais ou menos tecnológicas, aquilo que é o normal num
pavilhão-nacional.
Não foi isso que encontrei no
Pavilhão da Ucrânia. Depois do início da invasão, houve uma metamorfose. O Pavilhão
da Ucrânia foi pacificamente tomado por pessoas de todo o mundo que aqui
quiseram deixar uma palavra de alento e de solidariedade perante a barbárie.
Ao longo das paredes interiores,
acotovelam-se muitos milhares de postites com palavras em todas as línguas e
grafias, exibindo palavras como “paz”, “força”, “não à guerra” e tantas outras
expressões de repúdio pela ação do Governo Russo, algumas mesmo vernaculares, e
de solidariedade pelo país de cores azul e amarela. É como uma ode ao que
deveria ser o humanismo! Fiquei com aquele aperto na garganta... É impossível
não ficar comovido com tal demonstração de carinho.
Numa das salas interiores, a
única sem postites e onde, possivelmente, antes estaria um filme a 360 graus,
está agora um apelo estático à doação para as ações humanitárias. Um código QR
indica como fazer as eventuais transferências.
Entristece-me que, em Portugal, alguma
extrema-esquerda continue à procura de justificações para não estar claramente ao
lado do povo oprimido da Ucrânia. Às palavras de tímido suporte, acrescentam
sempre um “mas…” que tem tanto de inoportuno como de indelicado.
No último artigo que li e que
seguia nesta linha, o autor acusava as pessoas que agora se revoltavam de antes
terem sido complacentes com a invasão do Iraque e outras que tais. Apesar do
Iraque ser então liderado por um ditador sanguinário, o que não é o caso da
Ucrânia, muitos se juntaram, também na Horta, para censurar aquela invasão, tal
como censuram esta. Guerra é guerra! E lá estavam amigos oriundos do país agora invadido
e do país do governo agora invasor.
Neste caso, da invasão da
Ucrânia, sinto acrescidamente por ter amigos ucranianos e russos e partilhar a
sua dor. Sim, porque todos os cidadãos russos que vivem no exterior e com quem
tenho falado estão contra esta guerra. Não há “mas”. Estão contra!
Vou observando nas notícias a
evolução da invasão. Vejo como, todos os dias, morrem crianças e adultos. Tudo
motivado pela ambição de um ditador que agora diz que irá purgar o seu próprio
país de quem o contesta. Como é possível isto estar a acontecer no século XXI?
Como foi possível chegar até aqui? Quais as soluções? A meu ver, há que ampliar
as sanções por parte dos países livres e os cidadãos russos que vivem na Rússia
têm que se revoltar. A guerra tem que parar.
Ainda no espaço internacional da
Expo Dubai, falei um pouco com pessoas de muitos países sobre a situação na
Ucrânia. Mais uma vez, todos demonstraram repúdio pelo que o Governo da Rússia
está a fazer. Sem “mas”.
Para minha surpresa, diversas
pessoas foram-me referindo que conheciam alguém que tinha ido à Polónia buscar
refugiados de guerra e transportado para os seus países. Tal como tem
acontecido em Portugal, a solidariedade expressa-se também a este nível. Para
as pessoas de bem, é muito difícil ficar indiferente.
Porque as boas ações merecem visibilidade,
para quem não sabe, informo que há uma empresa sediada na Horta cujo pessoal se
envolveu numa destas ações de salvamento de refugiados. Bravo, Flying Sharks!
O Governo da Rússia, com as suas
sangrentas armas, tem demonstrado a face do mal. O resto do mundo, com a sua
generosidade e empatia, tem demonstrado a belíssima face do bem.
Há esperança!
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