Quando me propuseram concorrer para um trabalho
no Luxemburgo, não fiquei propriamente radiante. O Luxemburgo tem a reputação
de ser um país frio, desinteressante e meio perdido no meio da União Europeia.
Errado!
Ao contrário do que muito me disseram, o
Luxemburgo é um país muito bonito e tem vida própria! Aquilo que me referiram,
quase em tom assustador, que era um país cinzento, em que não havia cultura e
vida social, está bem longe da realidade. Agora que conheço um pouco melhor,
recomendo a visita ao Luxemburgo!
É um pequeno país muito bem organizado, com uma
limpeza muito acima da média e em que as pessoas são, na generalidade, cordiais
e empáticas. Nos pucos dias que levo de Luxemburgo, já pude ver algumas
paisagens urbanas lindíssimas. Ao nível de Estrasburgo…? Não. Estrasburgo é
imbatível, mas está lá perto.
Socialmente, não é Bruxelas, em que tudo acontece
e com uma dimensão particularmente humana e humanista, mas também está lá
perto. Amiúde passo por exposições, por feiras e por espetáculos formais ou
improvisados. Aqui há vida endógena!
O país tem língua própria, mas, pelo que me foi
dado notar, poucos não-luxemburgueses a falam. Dizem-me que é uma mistura de
alemão com francês. Talvez seja um pouco parecido com o dialeto que se fala em
Estrasburgo. Não sei… Convivo com a comunidade internacional, que tende a falar
em inglês, e, se alguém por perto estiver a falar luxemburguês, penso que facilmente
confundiria com o alemão, idioma que também não domino de todo.
A língua de rua, aquela que usamos nas lojas e
para obter uma qualquer informação, é o francês. No entanto, vezes sem conta,
rapidamente me apercebi que os meus interlocutores falavam português. Para além
da comunidade portuguesa ser enorme, juntam-se brasileiros e cabo-verdianos. Na
cantina do local onde trabalho, a língua-mãe dos funcionários é o português.
Sinto-me um privilegiado por ter este código secreto para trocar impressões sobre
a comida do dia...
O preço da habitação é inacreditavelmente
elevado. Alugar casa é caro e comprar nem pensar. Adquirir habitação própria na
capital do Luxemburgo não é coisa para seres humanos. Para mim, não é!
Em contraste, aqui, os transportes coletivos
terrestres são gratuitos para todos. Ou seja, podemos ir da cidade mais
extrema, apanhar o comboio, chegar à capital, apanhar o tram até à paragem de
autocarro, seguir no autocarro até ao bairro mais distante e, nesse percurso
todo, não gastar um tostão. Para mais, os transportes estão limpos, perto do
imaculado, e respeitam-se os horários com pontualidade britânica. Um exemplo a
seguir!
Para mim, que tendo a andar mais de bicicleta, as
pistas dedicadas são totalmente aceitáveis e permitem circular por toda a
capital com segurança. Ao contrário do que tinha imaginado, não precisarei de
qualquer carro. Há comboios confortáveis de hora a hora para Bruxelas e por
preços que roçam o irrisório.
O Luxemburgo foi mais uma bela surpresa com que
me cruzei resultado das minhas opções laborais. Longe de estar arrependido por
ter concorrido, está a ser uma descoberta muito agradável.
Falta o
mar… Falta mesmo o mar…!
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