Por F Cardigos SIARAM
Já escrevi neste jornal e em anos anteriores sobre o Dia Mundial do Ambiente [2007]. Da última vez que o fiz, em 2010, assinalei o dia fazendo uma súmula dos diferentes certificados ambientais com que foi galardoado o nosso património. Em conjunto com o símbolo de uma das Mais Belas Baías do Mundo, que a Horta já pode ostentar, são dezenas de momentos que identificam a qualidade ambiental que nos rodeia e que reconhecem a nossa capacidade de a gerir. Obviamente, se nos vão atribuindo esses certificados, também nos colocam pressão para que mantenhamos a sua qualidade e aumentemos de forma sustentável o seu usufruto.
Em 2010, referindo-me aos dados então disponíveis, assinalei as 6500 espécies registadas. Hoje, depois da publicação do Professor Paulo Borges e colegas que sumariza este autêntico espólio, são mais de oito mil. Nesse mesmo artigo, mencionei as bandeiras azuis da Região. Hoje, são 33 zonas balneares galardoadas e 14 classificadas como praias acessíveis.
Apesar de ter sido apenas há um ano atrás, já percorremos um interessante caminho que pretende agora essencialmente valorizar e recuperar os pontos menos felizes do nosso ambiente. Por exemplo, está a ser feito um esforço elevadíssimo para recuperar a Baía da Horta em relação à invasão de uma alga verde, a Caulerpa webbiana, as estruturas para gestão de resíduos estão a ser construídas ou em fase final de projecto em todas as ilhas dos Açores e há uma luta constante contra a flora invasora terrestre. A Direcção Regional do Ambiente está a conduzir os trabalhos nestas duas últimas frentes e, ao mesmo tempo, valoriza constantemente o património existente. A extensão do Jardim Botânico do Faial é apenas o último exemplo de uma longa lista.
Na intensificação da acção para aperfeiçoamento do nosso património colectivo, o Director Regional do Ambiente, Dr. João Carlos Bettencourt, tem acompanhado no terreno as diferentes actividades do EcoFreguesias. Verifica-se que há um esforço elevado por parte das autarquias na identificação e colmatação do abandono de resíduos, aumentando, em muito, a intolerância dos cidadãos em relação às más práticas ambientais.
Mas o ambiente está longe de ser apenas as espécies, os habitats e a gestão de resíduos. Como foi recentemente anunciado, o Parque Eólico do Faial vai ser renovado e deslocalizado, aumentando em larga escala a sua capacidade. Com esta acção, ao mesmo tempo, reduzimos as emissões de Carbono para a atmosfera e reduzimos o preço a pagar pela energia que consumimos. Em época de instabilidade do preço da energia com origem fóssil, esta é uma acção que muito nos poderá beneficiar.
A diversificação agrícola, consequente à estratégia lançada pelo sector agrícola do Governo Regional, tem-se consubstanciado em linhas de crédito para os inovadores e acções de sensibilização para os profissionais ainda renitentes. Esta é uma opção de valorização da nossa qualidade neste sector produtivo e, quer-me parecer, irreversível se quisermos competir no mercado global.
Em relação ao ambiente marinho, em fase de expansão para lá da Zona Económica Exclusiva, a observação de cetáceos dos Açores atingiu um patamar de enorme reconhecimento internacional, estando entre dez dos melhores sítios do mundo, segundo uma publicação internacional e a observação de tubarões, que ainda em 2010 estava em aparecimento hesitante, está em crescimento e já com boas consequências económicas. Felizmente adivinham-se também novas actividades, como a exploração energética no alto-mar e a exploração minerológica. Saibamos nós estruturar e planear essas actividades para que os benefícios sejam sustentáveis, responsáveis e equitativos. O futuro é lançado todos os dias pelos homens e mulheres de bem, que têm visão e capacidade de acção. No fundo, todos nós!
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