sexta-feira, 30 de março de 2012

Sobre o afundamento de barcos

Aspecto do Navio "Lidador" no Parque Arqueológico de Angra do Heroísmo.


A coincidência de se estar a proceder a um conjunto de afundamentos de barcos ao largo de Portimão e de haver uma velha draga disponível para tal na Ilha de São Miguel tem movido alguns desejos de mergulhadores no sentido de fazer um depósito ao largo de Ponta Delgada. Em maior detalhe, a ideia, tal como tem sido partilhada nas redes sociais, é proceder ao afundamento da draga perto do “Dori” [*], aproveitando assim o espaço do Parque Arqueológico que o Governo Regional acabou de criar em frente à Praia do Pópulo.
Tenho que confessar que não sou grande adepto destes afundamentos. Apesar de apaixonado pelos naufrágios e mergulho em embarcações naufragadas, não sinto grande estímulo para mergulhar em barcos que tenham sido propositadamente afundados. No Faial temos dois casos de navios propositadamente afundados e que pouco tentam os muito mergulhadores que visitam esta ilha.
O pesqueiro “Viana”, que se incendiou e revirou no Porto da Horta, foi afundado ao largo da Feteira. Por um lamentável erro de procedimento, ficou virado ao contrário e está demasiado fundo para os mergulhos habituais (assenta aos 46 metros e a quilha está aos 30). Já o “Pontão 16” está num fundo de areia, mas, dizem os críticos, é demasiado pequeno. A minha teoria para o insucesso destes casos é um pouco diferente; Na minha opinião, os mergulhadores procuram naufrágios legítimos, como é o caso do alegado “Hidroavião” ao largo do Porto da Horta ou o navio sem nome que está na Baía dos Radares (Monte da Guia). Um naufrágio tem de ter uma história, como é o caso do “Lidador”, ou ser um importante local histórico, como acontece com o Cemitério das Âncoras, ambos na Baía de Angra e onde integram o Parque Arqueológico local.
Um dos argumentos mais fortes a favor do afundamento de antigos navios é o seu papel como suporte de vida. Entendo isso e já verifiquei como podem realmente proporcionar locais de agregação de animais. Mas… as lixeiras também têm inúmeros ratos e gaivotas… Talvez a minha linguagem esteja a ser demasiado forte, mas é um facto que um navio afundado está a promover o aparecimento de fauna e flora que não pertence naturalmente àquela paisagem. Que são animais bonitos, são! Mas é desconexo.
Um bom amigo disse-me que o mar costeiro de São Miguel está tão explorado que não será um navio afundado a fazer grande diferença. Talvez, mas, respondo eu, não devemos nivelar por baixo, mas exigir essa recuperação, se justificável. Aliás, contrariando esta visão, muito portuguesa “que está tudo uma desgraça…”, relembro que ainda esta semana um prestigiado sítio internet de viagens anunciava os Açores como um dos melhores sítios do mundo para a prática de mergulho com escafandro autónomo. Não há volta a dar, os Açores são um excelente local e com um mar sublime. Pode ser melhor? Podemos sempre melhorar.
Outro dos argumentos utilizados para o afundamento de navios, e que me agrada, é o potencial para cativar mergulhadores. De facto, por agregarem muitos animais, os barcos afundados servem de local privilegiado para mergulho com escafandro autónomo.
Ainda, um dos argumentos a favor, são os trabalhos científicos que se podem fazer em associação com os barcos afundados. Por serem novos substratos, apesar de artificiais, podem servir para estudar a sucessão ecológica em cada local. Principalmente se tiver boa ciência por trás, estes locais podem ser reais mais-valias.
Nos Açores há inúmeros naufrágios legítimos e magníficos locais de mergulho. Entre os que ainda não têm carácter de proteção legal, destacam-se o “Slavonia”, nas Flores, e o “Caroline”, no Pico. Estes locais muito lucrariam com a implementação de efetivas áreas marinhas protegidas e dos respetivos parques arqueológicos.
Graças a diversas iniciativas, todas elas imediatamente apoiadas pelo Governo Regional dos Açores, há agora áreas marinhas protegidas no Corvo, Faial, São Miguel e Santa Maria. Para além das reservas tradicionais, cujo respeito ainda deixa a desejar, há agora nestas ilhas um conjunto de áreas propostas pelas forças vivas [*, **, *] e que têm sido imensamente consequentes, comprovando que a iniciativa local é a mais eficiente.
Penso que o esforço prioritário deverá ser no sentido de fortalecer as áreas marinhas protegidas existentes e criar os referidos parques arqueológicos. Obviamente, isso não impede que, se houver uma movimentação de interessados no sentido de abrir outras frentes, se desbravem novos e inesperados caminhos, desde que estejam devidamente planeados. Mãos à obra?!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Água do mar


Enxaréus no Mar dos Açores

No Dia Mundial da Água, e aceitando o repto do jornal Correio dos Açores, vale a pena relembrar o quanto este bem é importante para a nossa vida quotidiana, mas também, se mal gerido, como pode ser radicalmente efetivo na nossa infelicidade. Para focar um pouco o tema, libertando-me assim da obrigação de escrever uma enciclopédia, irei dissertar apenas sobre a água do mar.
A água do mar é um líquido constituído por moléculas com dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio e, para além de outros componentes, com um elevado teor de sal (cloreto de sódio) dissolvido. Este líquido tem a capacidade de proporcionar as condições ideias para suporte de diversos organismos e desempenhar outros determinantes serviços ecológicos ao planeta.
Se a primeira parte é óbvia, muitas vezes esquecemos quão importante é a segunda, os tais outros serviços ecológicos que vão para além do mero suporte de vida. No entanto, são estes serviços que garantem, por exemplo, a estabilidade e adequação da temperatura do ar no planeta. Ao transportar enormes quantidades de energia de latitudes menos elevadas para os polos, a água do mar constitui um enorme termostato planetário. Por exemplo, se este serviço não fosse prestado, sobre a Noruega existiria uma camada de gelo com vários quilómetros de espessura (como, aliás, já aconteceu no passado). Há serviços ainda pouco aproveitados, como sejam os que podem resultar na captação energética, e outros cuja utilização está em franco e próspero crescimento, como sejam os relacionados com o turismo e com o transporte marítimo. Sobre estes, debateremos noutro momento.
Ao contrário dos anteriores, há um serviço determinante que é prestado pelo mar e que, paradoxalmente, nos poderá colocar em perigo. Trata-se da captação de carbono. O mar tem a enorme e crucial capacidade de retirar carbono da atmosfera e utilizá-lo de diversas formas. Como nos últimos anos temos tido a infelicidade de poluir o ar até níveis históricos, o mar tem tentado fazer o seu papel e absorve-lo. Ora, acontece que a este incremento de absorção, corresponde um incremento da acidez do oceano. Esta acidificação dos mares tem consequências absolutamente nefastas para toda a vida que o Oceano alberga. Por exemplo, as conchas dos moluscos e dos artrópodes dissolvem-se neste ambiente ácido. Agora, tomem nota que a grande maioria dos pequenos crustáceos que constituem o plâncton estão realmente em perigo. Posto de outra forma, toda a vida dos seres pluricelulares dos Oceanos está agora em risco. Como inverter? Essencialmente, há que apostar nas formas energéticas que não incluam a utilização de combustíveis fósseis e moderar o consumo. De outra forma, os danos colaterais das alterações climáticas globais serão irreversíveis e decisivos.
Sobre este tema, há um documentário muito esclarecedor e que aconselho vivamente. Chama-se “Sea Change” e, nele, um avô tenta obter respostas para dar ao neto sobre as alterações com que estamos a ser confrontados. É um documentário muito preciso do ponto de vista científico e acessível a todas as idades.
O serviço mais comumente reconhecido ao mar é o relacionado com o suporte de vida. Felizmente, os mananciais dos Açores, com alguns sinais de alerta preocupantes, continuam de boa saúde. Um dos fatores-chave para esta saúde está relacionado com o abdicar da utilização das redes de pesca de emalhar de profundidade e de arrastro no nosso arquipélago. Foi uma decisão corajosa e que nos coloca razoavelmente a salvo do colapso das pescarias globais.
Curiosamente, esta mesma água salgada pode ser uma perigosa ameaça para a água de consumo humano nas ilhas. Acontece que os maiores “armazéns” de água doce se encontram na base das ilhas. Estes autênticos “armazéns” estão em contacto com a água do mar. Se a utilização da água doce for sistematicamente superior aos níveis de pluviosidade que aí se deveria acumular, a água do mar entrará nos “armazéns”, resultando na chamada intrusão salina, salinizando estes lençóis freáticos. Pode parecer ficção, mas é exatamente o que está a acontecer neste momento na Ilha Graciosa. É absolutamente necessário haver uma gestão rigorosa da água doce.
A “água salgada”, o “mar de Portugal”, de acordo com a abordagem de diferentes poetas Lusos, é parte da matéria de que somos feitos. Juntando ainda a vulcões e tempestades obtêm-se um tipo de portugueses muito especiais, os açorianos, para quem a água do mar é tratada na primeira pessoa. Cuidemos com especial cuidado do mar, porque isso será também cuidarmos bem de nós próprios.


Publicado no Jornal Correio dos Açores e pode ser lido aqui.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Gerindo o Mar dos Açores

Genial é transformar o habitual em algo extraordinário!
Na foto: Rainha, Thalassoma pavo.

Há uns dias atrás, ouvi uma deputada à Assembleia da República eleita pelo círculo dos Açores tecer comentários populistas e enganadores em relação à atuação do Governo Regional no que diz respeito ao mar. A deputada, por quem tenho estima pessoal e, também por isso, não personalizo, não se eximiu a tecer acusações diretas ao Presidente do Governodos Açores. Pareceu-me uma atitude incorrecta no que ao conteúdo da intervenção diz respeito e deselegante pelo ataque pessoal. Mas, expliquemos.
Nos Açores, as pescas até meados dos anos 90 eram, como hoje são, uma das mais importantes atividades económicas. Apesar disso, não havia qualquer fiscalização com génese regional. Foi necessário esperar até ao ano 2000 para que isso se tornasse uma realidade, com a formação da InspeçãoRegional das Pescas.
Mas ilustremos com alguns números o setor das pescas, até para que sirva de início de conversa. Em 1996 os apoios à modernização da frota rondavam os 1.5 milhões de euros anuais, hoje temos 4.8. O esforço na investigação pesqueira era de 100 mil euros por ano, este valor foi multiplicado por cinco. Passou-se de uma grua portuária dedicada às embarcações de pesca para 50! Passamos de 79 casas de aprestos para 643… Poderíamos replicar estes números para a valorização do pescado (duplicou), formação a pescadores (passou a existir…), outros dispositivos de apoio às pescas, etc. Mas seria talvez até embaraçante referir o abandono em que a atividade das pescas se encontrava, tirando as caríssimas Semanas de Pescas e a desmedida despesa dedicada à frota do atum.
No campo dos transportes, depois do navio “Ponta Delgada” ter sido abatido, deixámos de ter transporte marítimo de passageiros. Esta situação manteve-se até que o Governo Regional, o que entrou em funções a meio dos anos 90, resolveu reativar este serviço. Hoje é uma das estruturas fundamentais para combater o isolamento e fortalecer a coesão. Dir-me-ão que a compra dos novos navios não correu bem. É certo, mas essa situação não inibiu nem comprometeu de forma alguma que o transporte de passageiros se mantivesse.
Também os portos dos Açores são hoje completamente diferentes do passado. Todos eles foram melhorados, foram construídas novas marinas e a maioria dos portinhos foram recuperados ou transformados em úteis áreas balneares que são maioritariamente geridas pelas autarquias (o seu a seu dono).
As áreas marinhas protegidas dos Açores nos anos 90 tinham uma dimensão vestigial, quando comparadas com os mais de cem mil quilómetros quadrados de hoje em dia. Graças a um esforço conjunto da Universidade dosAçores, do Governo Regional e do Governo da República, hoje o mar dos Açores está francamente protegido e os passos que se seguem são ainda mais promissores.
Curiosamente, ao contrário do que transparece de uma petição que corre através da internet, é precisamente por o Governo Regional não pretender que haja delapidação dos fundos marinhos dos Açores que tem sido particularmente sonante no que ao mar diz respeito. Depois de termos banido as redes deemalhar de profundidade e as de arrasto, pretende-se agora garantir que aatividade mineralógica seja efetivamente controlada pelos açorianos. Nesse sentido, propôs-se à Assembleia Regional um diploma que servirá precisamente para colocar o travão nos apetites insensatos e de curta visão [*]. Ao mesmo tempo, já foi aprovado um regime jurídico que ordena a recolha de amostras científicas, colocando na Região todas as decisões sobre esta temática.
No campo da ciência, para além de se ter proporcionado a aquisição do “Arquipélago” e “Águas-Vivas”, uma excelente ação dos últimos Governos sociais-democratas, pouco foi feito no domínio da investigação marinha. Foi depois dos anos 90, estimulando a participação da comunidade científica em projetos LIFE, Interreg e MAST, primeiro, e agora através de programas próprios da Região, que se deu um impulso nos estudos marinhos. É um claro contraste com o passado e que culminou com a instalação do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores num edifício histórico da cidade da Horta, agora completamente renovado.
Hoje há dezenas de bolseiros de investigação, nos diferentes níveis, que são apoiados pelo Governo. Há também dezenas de projetos especialmente orientados para dar resposta às mais prementes perguntas da Região Autónoma dos Açores no que à gestão do seu domínio marítimo diz respeito.
Quase tudo o que referi atrás teve génese porque o atual Presidente do Governo Regional decidiu que esse seria o caminho a percorrer. Foi também por sua iniciativa que o setor do mar foi especialmente fortalecido com a criação em 2005 de um departamento do Governo explicitamente encarregue dos Assuntos do Mar.
É claro que poderia ter sido feito mais e melhor, especialmente se chegarmos “no fim do jogo”, e, também é evidente que difícil seria nada fazer, até porque estava quase tudo por começar. Mas foi feito muito, mas mesmo muito, em pleno contraste com o que se fazia até então.
Por fim, penso que as pessoas, na generalidade, estão fartas de ataques pessoais. As pessoas querem ideias, resultados e esperança na vinda de dias melhores. Aos políticos cabe-lhes corresponder a estes três níveis. Se aos dois primeiros equivale essencialmente trabalho e inspiração, para o terceiro é necessário permanentemente assentar a atuação em valores morais e humanistas e projetados no bem e na justiça. É urgente que os políticos de Portugal entendam e pratiquem este conceito.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Clusters do Mar


Foto: F Cardigos, a bordo de um avião da SATA

Cluster é uma palavra inglesa que se refere a um aglomerado ou um conjunto de qualquer coisa. No âmbito deste artigo, e com utilização alargada nos dias que correm, cluster indica a organização do sector económico em torno de um objetivo comum.
Tipicamente, diversas empresas complementares juntam-se para dar resposta a um conjunto de encomendas-tipo. A versatilidade e a abrangência de capacidades que se criam com os clusters que estejam bem organizados, incluindo a seleção de umas ou de outras empresas de acordo com a solicitação específica, torna-os respostas naturais a sistemas de encomendas complexas. Aos clusters podem também estar associados outro tipo de instituições como políticas, educacionais ou científicas, entre outras. Nos casos mais ambiciosos, houve mesmo a proposta da criação de hyperclusters que fossem especialmente abrangentes.
Dada a complexidade do sistema marinho e o rendilhado de pequenas empresas existente no nosso país, os clusters têm sido apontados como uma das respostas possíveis para o regresso de Portugal ao Mar. Faz sentido e, até por isso, tem havido financiamento específico para este tipo de aproximações.
No caso dos Açores, a introdução aos clusters, nomeadamente do que ao mar diz respeito, tem sido incentivado pelo Governo, pelas Câmaras Municipais, Câmaras do Comércio e Indústria e impulsionados pelas duas instituições que resultaram da aplicação da Estratégia Nacional para o Mar e do estudo "Hypercluster da Economia do Mar" (elaborado pelo Professor Ernâni Lopes): o Fórum Permanente dos Assuntos do Mar e o Fórum Empresarial da Economia do Mar. Apesar de parecer ótimo, tardo em ver resultados. Isso pode ser apenas a minha vontade de fazer e incentivar, mas receio que possamos perder oportunidades apenas por hesitação.
Vem esta conversa à baila por ter reparado que as empresas Dutras e BicoDoce resolveram juntar as respetivas especialidades e, junto à Marina da cidade da Horta, fundaram uma loja de conveniência especializada em produtos para aventureiros (termo faialense para “iatistas”). Uniram-se e estão a tentar explorar um nicho de mercado muito específico, mas claramente existente.
Poucos dias antes destas empresas juntarem forças, a Câmara Municipal da Horta anunciou a criação da Comissão Municipal para os Assuntos do Mar. Com esta estrutura, a Câmara tenta capitalizar e impulsionar o privilégio de estarmos no meio do Atlântico, perto das rotas preferenciais utilizadas pelos iates à vela e num interessante nó para regatas deste tipo de embarcações. Mais uma vez, parece-me bem.
Exatamente ao mesmo tempo, a minha filha explicava-me como o professor de Ciências, Pedro Medeiros, no âmbito dos Encontros Filosóficos, estava a organizar equipas de acompanhamento para os projetos de investigação científica que estão a decorrer no Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores (DOP). Partindo da vantagem da proximidade, visto tanto o Liceu como o DOP estarem na cidade da Horta, os alunos são convidados a participar nas investigações científicas de uma das mais prestigiadas instituições do Atlântico Norte. Uns alunos irão acompanhar a telemetria de cetáceos, outros os estudos que decorrem nas fontes hidrotermais de grande profundidade, outros os trabalhos em ornitologia, enfim, as possibilidades são tantas quantos os próprios alunos, a sua vontade e a capacidade dos investigadores para os receber. Uma ideia de excelência que dignifica a iniciativa dos professores e a disponibilidade dos investigadores envolvidos.
Estas são boas iniciativas e ao nível de um cluster marinho. No entanto, não é suficiente. Um cluster tem que, por si só, dar respostas a problemas complexos. É preciso unir os trabalhos identificados nos últimos parágrafos e associá-los a outras iniciativas. Tal como vejo as coisas, e sem prejuízo de outras abordagens ou futuras ampliações, é essencial que a Horta e a Madalena unam esforços e que criem um eixo que tenha mais soluções e dê mais oportunidades.
Nitidamente, a Horta tem um problema de falta de espaço junto ao porto. Por essa razão, não pode ter um estaleiro seco que permita fazer trabalhos em fibra-de-vidro ou pinturas em condições. A Madalena tem. A Horta tem uma marina com reconhecimento internacional e o Peter, razões de enorme atratividade. Parece-me óbvio, lógico e imperativo que a Comissão Municipal dos Assuntos do Mar da Horta e a Portos dos Açores se juntem à Câmara Municipal da Madalena para verificarem as sinergias potenciais para bem dos seus habitantes e da salubridade financeira dos Açores.
Ao Governo dos Açores cabe o papel de modernizar e ampliar as estruturas de grande dimensão que ligam estas duas povoações ao mar. Como é claro e notório, está a fazê-lo com enorme energia e consequência, mas caberá aos privados e às instituições locais complementar, fazendo o resto do trabalho. É necessário iniciativa, empreendedores e ação!
Na minha opinião, o Eixo Horta-Madalena é uma ideia importante e uma contingência se quisermos apostar no fortalecimento do setor marítimo-turístico dos Açores. Embora isso não inviabilize outras iniciativas similares noutros locais, esta é uma possibilidade óbvia e lógica e o caminho a seguir está à nossa frente, tão claro e tentador como a fabulosa transparência das nossas águas marinhas.