segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Finalmente, as férias! Ou talvez não…

Este último ano foi totalmente contrastado. No último semestre de 2019, a European Desk da Câmara do Comércio Belgo-Portuguesa conseguiu dar os primeiros passos, com a organização das “Rotas da Economia Azul” e de um “Jantar das Regiões”. Cada um com a sua estratégia e público alvo, estes dois eventos tentaram ajudar a aproximar ainda mais Portugal da Bélgica e das instituições europeias. Já os seis primeiros meses de 2020 têm sido pouco promissores. A pandemia tem colocado nevoeiro sobre as iniciativas presenciais e apelam a muita imaginação e engenho para que se possa manter o nível anterior. Iremos conseguir! 

Ao aproximar-se o Verão, no entanto, dei por mim a planear as férias em Portugal. Como sempre acontece, com entusiasmo, procuro refúgio na ilha do Corvo, nos Açores. Da capital europeia, onde trabalho, passo para o mais pequeno concelho do meu país. Entre os passeios, as conversas com a família de sempre e os amigos de décadas, a leitura, a música, os filmes, o mar, ah o nosso mar!, e o mergulho com escafandro autónomo, tudo é perfeito e, apenas por pensar nisso, fico preenchido e sereno. É o meu obrigatório recarregar de baterias anual. 

Este ano é particular. A pandemia colocou tudo em alvoroço, lançando a confusão na saúde pública e estabelecendo a desordem na economia global. Todos os vetores da nossa existência foram reequacionados e, nesta época, as habituais e inquestionáveis férias ficaram “acinzentadas”. 

Participando eu em tantas reuniões com pessoas cujos trajetos não conheço, que fazer? Perante o aumento dos casos e das restrições na Bélgica, que devo eu fazer?! Manter os planos e arriscar transportar a doença para um dos poucos locais de Portugal que ainda não contactou com o vírus ou adiar para um momento mais oportuno? Arriscar a saúde dos meus familiares e amigos septuagenários e octogenários ou limitar os meus movimentos por agora? 

Como eu, muitos outros trabalhadores colocados em missão no exterior e também os estrangeiros que estimam e desejam passar as férias em Portugal hesitam. Pelo que fui falando com amigos e encontrando na comunicação social, fui sistematizando as razões a ter em conta na decisão. Para além das já invocadas (1), identifiquei outras: (2) viabilidade, garantia e preço das viagens de avião, (3) instabilidade das regras no local de partida e de destino, incluindo as chamadas listas laranjas e vermelhas, (4) orientações das entidades patronais, que receiam que os seus trabalhadores fiquem retidos em quarentena nos locais de destino ou no local de partida depois de regressarem, e (5) receio por parte da população de destino. Estes cinco conjuntos de razões fazem com que se hesite. As saudades das famílias e a chamada do país fala alto, muito alto, e a decisão pende dificilmente para qualquer dos lados. 

Compreendo os que, mesmo assim, resolveram regressar a Portugal. E, também, compreendo bem os que prescindiram da viagem. Ambas as opções implicam sofrimento e o verdadeiro culpado é o vírus. Essa é a gigante maleita do início do século XXI. 

Os emigrantes que já estão em Portugal fazem um balanço misto. Claro que gostam de estar com a família e isso vale quase tudo, mas, por outro lado, os testes, a distância social e as omnipresentes máscaras ensombram um período que deveria ser de relaxe e convívio. 

Sei também que o nosso regresso anual é extremamente importante. Os que nos estimam precisam de nós por perto e Portugal precisa que ajudemos presencialmente a economia. 

Os que ficarem retidos nos países de acolhimento, vendo estas férias de Verão definitivamente ensombradas, podem sempre ajudar o nosso país com o que forem encontrando no comércio luso local ou em páginas internet como o “Compre Português na Bélgica”, uma iniciativa desta Câmara do Comércio. Não são as soluções ideais, mas, este Verão, poderá ser o possível. No Natal, queira o vírus, compensarão a dobrar! 

Publicado em: https://www.ccb-portugal.be/post/ccbp-newsletter-agosto-august-2020

 

Finally, the holidays! Or maybe not...


This past year has been totally contrasted. In the last semester of 2019, the European Desk of the Belgian-Portuguese Chamber of Commerce was able to take its first steps with the organisation of the " Routes of the Blue Economy " and a "Dinner of the Regions". Each with its own strategy and target audience, these two events tried to help bring Portugal even closer to Belgium and to the European institutions. In contrast, The first six months of 2020 have been unpromising. The pandemic has dimmed the face-to-face initiatives and called for a lot of imagination and ingenuity to maintain the previous level. We will prevail!

As the summer approached, however, I found myself planning the holidays in Portugal. As always happens, with enthusiasm, I seek refuge in Corvo island, Azores. From the European capital, where I work, I go to the smallest municipality in my country. Among The trails, the conversations with my family and friends, the reading, the music, the movies, the sea, ah our sea!, and the scuba diving, everything is perfect and, just by thinking about it, I am filled with serenity. It's my mandatory annual recharging period.

This year is different. The pandemic has thrown everything into turmoil, creating confusion in public health and establishing disorder in the global economy. All the vectors of our existence have been reassessed and, at this time, the usual and unquestionable holidays have become "greyed".

Participating in so many meetings with people whose journeys I don't know, what should I do? Faced with the increase of cases and restrictions in Belgium, what should I do?! Keep the plans and to risk transporting the disease to one of the few places in Portugal that has not yet come into contact with the virus or postpone it to a more opportune moment? Risk the health of my septuagenarian and octogenarian relatives and friends or limit my movements for now?

Like me, many other workers abroad and also foreigners who cherish Portugal and wish to spend their holidays in our homeland hesitate. I have been talking to friends and analysing the media and have systematised the reasons that are being taken into account in the decision. In addition to those already mentioned (1), I identified others: (2) feasibility, guarantee and price of air travel, (3) instability of the rules at the place of departure and destination, including the so-called orange and red lists, (4) guidelines from employers, who fear that their workers will be held in quarantine at the places of destination or the place of departure after returning, and (5) fear from the population of destination. These five sets of reasons really make one hesitate. We miss our families and the call of our country speaks loudly and the decision is difficult.

I understand those who have nevertheless decided to return to Portugal. And, also, I understand well those who have given up the trip. Both options involve suffering and the real guilty one is the virus. That is the giant threat of the beginning of the 21st century.

The emigrants who are already in Portugal send a mixed assessment. Off course, they like to be with their family and that's worth almost anything, but, on the other hand, the tests, the social distance and the omnipresent masks overshadow a period that should be of relaxation and conviviality.

I also know that our annual return is extremely important. Those who cherish us need us around and Portugal needs us to help the economy.

Those who are stuck in the host countries, seeing these summer holidays definitely overshadowed, can always help our country with what they find in the local Portuguese commerce or in internet pages like "Compre Português na Bélgica", an initiative of this Chamber of Commerce. These are not ideal solutions, but this summer they may be the possible ones. At Christmas, the virus allowing, we will pay off twice as much!

 

Published in: https://www.ccb-portugal.be/post/ccbp-newsletter-agosto-august-2020

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